E para onde vamos?

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Por Guaraci de Lima Silveira

Desempregado e abatido, o homem caminha trôpego pelas ladeiras da sua cidade. Há pouco perdera o emprego e, em casa, muitas bocas aguardam pelo sustento. Podia ser o fim. A desgraça total. O escatológico individual que transtorna existências. Mas ele não pensa em desistir. É forte o suficiente para prosseguir. Acredita. Sim, ele acredita que tudo pode mudar de um instante para o outro. Ele é apenas filho e está absolutamente certo de que há um Pai que o criou e o ama.

Eis que, de repente, surge à sua frente um cidadão que procurava alguém para ajudá-lo num novo empreendimento. Pessoas certas se encontram em locais adequados e onde a coragem de viver e vencer faz parte das vidas de quem procura e de quem necessita. Pode ser até uma cena de cinema ou da teledramaturgia, ou ainda dos romances que se leem ao pé do leito. Mas, quem sabe não é uma cena real?

Não estamos sozinhos. Não estamos à deriva, num barco em bancarrota num mar de tempestades. Erroneamente, pensamos que somos punidos por Deus, pelos nossos desvios éticos e morais, impetrados nalgum tempo e lugar. Mas, para quê, então, Deus nos criou? Simples, ignorantes, com possibilidades de errarmos e não termos caminhos de volta aos acertos?

Sim, já acertamos muito. Provavelmente acertamos mais do que erramos. Carl Seagan, o eminente astrônomo do século passado, nos disse que em nossas memórias individuais há o equivalente a duzentos mil livros de quinhentas páginas cada um, escritos por nós em nossas epopeias diuturnas, desde o princípio. Um fabuloso arquivo que nos capacita a sermos homens e mulheres que caminham eretos, em busca de algo que satisfaça nossos interesses pessoais ou coletivos, criando maravilhas e globalizando conhecimentos. Mesmo a psicologia nos indica que somos 10% consciência e 90% inconsciência.

Também inúmeras vezes o espírito Joanna de Ângelis nos transmite belas lições sobre o nosso inconsciente e os registros de nossas experiências vividas em existências passadas. E são muitas!

Podemos ainda dizer que somos verdadeiras bibliotecas ambulantes em busca de um caminho; o Tao como nos indicam os orientais, que dizem que, quando o encontramos, não desejamos mais retornar aos volteios das incertezas e inseguranças. O Tao é o nosso caminho consciente para Deus. Caindo, levantando, acertando, errando, mas... Caminhando! E para onde vamos nessa jornada?

Há citações na Bíblia e nos compêndios acadêmicos que falam sobre os grandes filósofos da humanidade. Muitos deles dizem que o homem é a capacidade de se autotransformar, de se reinventar, de se autoproduzir e se capacitar para as escaladas do cume.

Saídos da infância espiritual, necessitamos chegar à maturidade. É um caminho longo, às vezes doloroso, às vezes prazeroso. O importante, contudo, é que é um caminho inusitado e palmilhado por todos os seres, estabelecido democraticamente pela lei divina.

Certamente nos “encontraremos” um dia com o Criador e diremos, como Jesus: “Eu e o Pai somos um”.

Por isso, não vale desanimar ou dizer que ainda se está muito longe. Problemas, todos nós os temos. Mas nossa consciência no Pai deve permanecer acima do ângulo superior, do grande triângulo: eu, minha vontade e minhas vitórias. Chegaremos todos um dia a patamares superiores, mas o faremos par e passo e ditosos por existir. Felizes por termos sido criados pela inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, como nos esclarece a questão primeira de "O livro dos espíritos".

Chegaremos a Deus, através do pleno conhecimento e vivência de suas leis. Certamente que sim. Não há volta, penas eternas ou qualquer outro obstáculo criado pela mente humana, muitas vezes indecisa, soturna, desinformada. Assim, vamos caminhando e evoluindo com alegria, força e gratidão. Com a atitude dos grandes vencedores.

Para onde vamos? Ora, vamos para Deus!

(Publicado no Jornal Correio Fraterno edição 468, mar./abr.2016).

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