Olhar, orar e vigiar

Por Umberto Fabbri*


Nossos sentidos físicos nos permitem perceber o mundo material que nos rodeia. A visão, o tato, a audição, o olfato e o paladar foram sendo desenvolvidos nos estágios do princípio inteligente, assim como nossas capacidades espirituais, tais como a inteligência, o sentimento e o pensamento. Todos estes elementos conquistados nos permitem uma maior consciência de nós, do outro e de Deus.

Ao adentrarmos no reino hominal a inteligência, o sentimento e a consciência nos diferenciaram de nossos irmãos animais. No entanto, estas conquistas ainda estavam em fase embrionária para serem desenvolvidas, de experiência em experiência, progresso que somente o tempo possibilita.

Nosso objetivo dentro desse caminho evolutivo, já traçado pelo Pai, é o de ampliar nossas conquistas aos patamares superiores do amor e sabedoria e para isso é essencial que nossa capacidade de perceber o mundo de forma objetiva e não subjetiva por nosso olhar limitado se expanda também.

O espírito automatizou muitas funções biológicas em seu perispírito, estruturas importantes para a manutenção da vida, porém automatizou também comportamentos, posturas e hábitos que precisam ser transformados, pois não condizem com o objetivo final de espírito superior.

Desenvolver a consciência, ou seja, ser mais ciente de si mesmo, de suas conquistas, mas também do que precisa ser transformado é imprescindível nesta caminhada evolutiva.

Mas como desenvolver a consciência sem atenção? Como conhecer as verdades que poderão nos libertar sem a autoanálise constante e disciplinada?

Encontramos em Marcos, capítulo 13, versículo 33 a frase: “Olhai, vigiai e orai; por que não sabeis quando chegará o tempo”. Esta frase pode servir para uma reflexão profunda, pois, estes três verbos nos revelam o caminho para esse despertar consciencial.

O primeiro item nos fala sobre o “olhar” necessário para enxergar a realidade, o desejo de realmente perceber e analisar de forma objetiva, real, nossa existência.

O segundo é a vigilância sobre as reações, comportamentos e posturas que diferem das orientações recebidas na Boa Nova do Cristo, para futuro combate interior.

O terceiro é a oração, simbolizando a sintonia com o Criador para nosso fortalecimento, direcionamento. Podemos interpretar também como sendo as importantes orientações do Alto que encontramos no Evangelho do mestre, que orientam o caminho emocional e moral que não dominamos.

Logo, o domínio, o controle e educação íntimos devem ter prioridade e ser desempenhados com esforço, mas também com gratidão e alegria, uma vez que a consciência de Deus e seu amor nos revelam nosso papel dentro da criação, o de filhos amados, que nunca estão sozinhos ou desamparados.


*Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.