O que te move?
Por Umberto Fabbri*
No livro Estude e viva, ditado pelos espíritos Emmanuel e André Luiz, psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira, na lição intitulada “Socorro oportuno”, encontramos a mensagem: “(...) Lembra-te deles, os quase loucos de sofrimento, e trabalha para que a doutrina espírita lhes estenda socorro oportuno. Para isso, estudemos Allan Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude, na ação ou na palavra, recordemos que o espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação”.
Esta belíssima lição nos lembra da importância de levar aos que sofrem o refrigério, o consolo, a esperança e o conhecimento que liberta, pois isto representa uma forma legítima de praticarmos a caridade. Todavia, nem todos se empenham em divulgar a doutrina espírita com objetivos nobres e caridosos. Infelizmente, muitos dela se utilizam como uma forma de divulgar a si mesmos, de forma orgulhosa, vaidosa, cheia de interesses próprios e se perdem do objetivo da legítima caridade.
É preciso que nos apaguemos para que Jesus brilhe nas mentes e corações dos necessitados, pois é ele o verdadeiro sol de nossas almas. Somos o vaso; a água que mata a sede é Jesus.
Divulgar esta doutrina de amor requer de nós um trabalho constante de autoeducação, autocontrole, disciplina e profundo desejo de retribuir ao Mestre e a Deus todas as bênçãos que recebemos. O vaso precisa estar preparado para transportar o líquido precioso.
Por muitos anos trabalhamos na formação de novos oradores, expositores e educadores espíritas e logo de início perguntamos aos alunos: “O que te move”? Pergunta interessante esta, pois tem o poder de clarear nossa visão quanto ao que realmente desejamos, quanto ao combustível que nos movimenta.
E são várias as respostas. Em sua maioria, os alunos dizem: quero aprender, quero contribuir na casa espírita, quero divulgar a doutrina espírita e assim por diante. Poucos dizem: quero ajudar os que sofrem, quero levar esperança aos que pensam ter perdido um ente querido, desejo do fundo do coração secar as lágrimas da tristeza, do desencanto, aspiro auxiliar aos que se perderam no mundo da dependência química, almejo ensinar aos meus irmãos o quanto eles são amados por Deus e tão especiais que não devem duvidar de seu valor, que a culpa de nada serve e que recomeçar é sempre possível.
É evidente que todos temos boas intenções, mas para sermos divulgadores fiéis desta doutrina libertadora é preciso mais que boa vontade. É necessário um desejo ardente de fazer o bem, de oferecer sempre que possível, o socorro oportuno, como nos diz a lição, e para tal precisamos estar dispostos a servir e não buscar que nos sirvam. É vital não esquecermos que Jesus é o modelo, e não nós. Sendo assim, devemos estudar com afinco para levarmos a verdadeira doutrina de amor, respeito e acolhimento que Jesus traz em seu Evangelho de luz, sem o peso de nossa opinião limitada.
Divulgar a doutrina espírita é preciso! E o modo mais eficaz é o nosso próprio exemplo, a forma como nos comportamos nas crises, superamos nossas dificuldades, reconhecemos nossos erros, somos gentis e respeitosos com todos, principalmente com os que pensam diferente de nós, reconhecemos nossas limitações e mesmo assim nos dispomos a praticar o bem, como perdoamos a quem nos fere e a nós mesmos.
Divulgar a doutrina do mestre Jesus é mais do que falar; é agir, é exemplificar, é ter caridade no coração para com todos.
E deixamos aqui uma pergunta ao leitor amigo: o que te move?
*Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.