Agradecer, amar, retribuir
Por Umberto Fabbri*
Iniciamos com uma pequena história sobre a vida de um casal na pandemia. O marido seguia insatisfeito com a vida e reclamava de tudo; do trabalho que passou a ser feito em casa, da falta que sentia dos amigos, das festas, viagens, da convivência mais presencial com a família, de sentir-se cerceado em sua liberdade, etc. A lista aumentava a cada dia, pois sua atitude costumeira era a de se lamentar, queixando-se de tudo o que podia. No caso de nosso irmão, as lamentações tornaram-se automáticas, uma vez que ele não vigiava o rumo dos seus pensamentos egoístas.
Sua esposa enxergava a vida por outro ângulo. As lentes pelas quais percebia a vida eram mais nítidas, mais cristalinas. Não deixava de observar as dificuldades, mas apesar dos problemas conseguia visualizar as inúmeras conquistas e benesses que também faziam parte de sua existência e em número muito maior.
Em uma conversa, seu companheiro, de modo habitual, começou a tecer suas reclamações. Ao final, sua esposa contra-argumentou, apresentando a ele seu ponto de vista:
— Sobre o trabalho, agradeça, pois você, ao contrário de muitos, o possui. As separações que hoje nos desagradam são temporárias e precisamos agradecer sempre a Deus pela vida que não se finda, mas se transforma visando sempre o nosso bem, progresso e felicidade. Quem ama, nunca se separa. Cada particularidade de nossas vidas pode trazer um fator de crescimento e aprendizado, se soubermos aproveitar, em vez de ficarmos nos queixando e vitimizando. Olhe ao seu redor! Veja a natureza tão rica e generosa! Temos uma fartura em recursos naturais em nosso planeta que muito provavelmente não existe em outros orbes e que tornam nossa experiência terrestre tão especial. O ar que respiramos, nosso corpo, a água fonte da vida, as flores, o céu, nossos irmãos menores, os animais.... Tudo tão perfeito! Como é possível não agradecer por todas estas maravilhas?
Assim como nosso irmão, quanto tempo perdemos em posições negativas que nos prejudicam e nos infelicitam por puro automatismo comportamental e imaturidade espiritual?
A gratidão é sem sombra de dúvida uma postura que muda nossas vidas, pois ao agradecer, vislumbramos os inúmeros motivos que temos para fazê-lo. Voltamos nosso olhar para o muito que temos, caminho contrário das lamentações e queixas que só enumeram o que nos falta.
Agradecer é um hábito que deve ser incorporado urgentemente em nosso dia a dia, pois a gratidão nos coloca em uma faixa vibratória elevada, nos ligando com o Bem e o Amor, facilitando inclusive o auxílio que vem do Alto.
Quando agradecemos, nos preenchemos de amor e o passo seguinte é tentar de alguma forma retribuir a Deus, por meio da caridade ao nosso próximo, e é incrível como uma coisa leva a outra!
“Deus é caridade; e quem está em caridade está em Deus e Deus nele.”1 Para alcançarmos a verdadeira caridade, precisamos ser gratos e conscientes de como a própria caridade atuou em nossas vidas, nos transformando.
Somos frutos da caridade, primeiramente de Deus e depois de tantas outras almas que nos amaram, socorreram e ensinaram.
E para confirmar minhas observações, proponho aos amigos um exercício simples: enumerar dez itens que merecem sua gratidão. Você vai se surpreender, pois este número será em muito ultrapassado.
Agradecer, amar e retribuir são engrenagem poderosas que movimentam nossa evolução e que podem, por nossa vontade e livre-arbítrio, ser utilizadas de forma mais consciente e habitual.
1- 1 João, 4:16.
*Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.