A sociedade desatenta
Por Umberto Fabbri*
Somos seres sociais e dependemos uns dos outros. Nos últimos tempos, nunca foi tão importante ter consciência deste fato quanto agora.
Na questão 767 de O livro dos espíritos, os benfeitores espirituais afirmam que vivemos em sociedade para atingirmos o progresso nos auxiliando mutualmente, e fica claro que esse progresso é conquistado no convívio social, onde aprendemos e ensinamos o tempo todo, uma vez que nenhum homem dispõe de todas as faculdades, e é pela união social que nos completamos para construirmos o desenvolvimento material e espiritual.
O primeiro grupo social é a família. É em seu seio que somos recepcionados e obtemos novas oportunidades de aprendizado moral, de educação para a convivência social. Infelizmente, ainda desatenta, uma grande parcela dos pais não compreende que os valores exemplificados e vividos dentro do lar: o respeito às pessoas, às diferenças, ao meio ambiente; o afeto, a fraternidade, o perdão, a aceitação, a disciplina, a humildade, a honestidade, a paciência, a solidariedade e a tolerância impactam diretamente nossas crianças, que tendem a repetir em sociedade o que recebem dentro do lar e que, desprovidos destes valores, perpetuarão os erros da violência, do desrespeito, do egoísmo, da corrupção, da fome, do desamor, não elevando nosso planeta Terra ao tão sonhado mundo de regeneração.
Desatentos à realidade de causa e efeito, persistimos no erro, desejando resultados diferentes, esquecendo que um mundo é considerado em regeneração quando a grande maioria de sua população se esforça por regenerar-se.
Nas grandes crises, faz-se urgente o sentido de coletividade, a consciência de que, metaforicamente, a sociedade é um grande organismo, constituído de células, e que quanto mais células adoecem, mais comprometido o todo, o organismo.
Vivendo esta pandemia há mais de um ano, já podemos perceber que o contágio pelo vírus e, por conseguinte, a morte, a fome, a dor, a insegurança, o medo, a ansiedade, ronda nossas vidas sem data prevista para acabar. Todavia, o contágio mais pernicioso é o da falta de sentido do coletivo, pois quando descumprimos as orientações sanitárias, motivamos que outros sigam nossos passos, agravando o quadro social e pandêmico.
Segundo Emmanuel, na lição 76 do livro Fonte viva1, “um pouco de fermento leveda a massa toda”, ou seja, nossos pensamentos, atos, comportamentos, estimulam ações semelhantes com quem convivemos, seja pessoalmente, virtualmente, ou ainda espiritualmente. Todavia, desatentos, fomentamos nos outros a negatividade com atitudes egoístas, precipitadas, irresponsáveis, quando é perfeitamente possível estando vigilantes, estimularmos a positividade da fraternidade, da renúncia, da responsabilidade, da caridade e amor ao próximo.
Quando Jesus nos ensina sobre a importância do amor, inclui a necessidade de desenvolver o amor ao próximo para conquistarmos o reino divino. Na lição 71, Emmanuel reforça este ensinamento, dizendo que “o próximo é a nossa ponte de ligação a Deus”.
Nossa responsabilidade social é urgente! Estejamos atentos a essas responsabilidades, colaborando efetivamente para sermos elementos positivos e eficientes dentro dos meios de nossa atuação, que podem ser de doação material, exemplos positivos, acolhimento e fraternidade.
Que Jesus nos ilumine e abençoe.
1 Psicografia Francisco Cândido Xavier, FEB.
*Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.