O mistério das deusas
Feliz por ver o espiritismo numa situação ‘ímpar’ de progresso, num diálogo aberto com outras áreas do pensamento humano, Nancy Puhlmann Di Girolamo, 83 anos, fala sobre sua mãe, Maria Augusta Puhlmann, uma mulher especial por tudo o que fez e conquistou. Espírita, fundadora da Instituição Beneficente Nosso Lar, Tia Guguta, além de abrigar e educar crianças e jovens, também escreveu livros. E a Editora Correio Fraterno relança agora sua consagrada obra As quatro deusas da Babilônia.
Como surgiu o livro As quatro deusas da Babilônia?
Minha mãe e tia Nair [Nair Ambra Ferreira, irmã do pai de Nancy] formaram uma dupla inseparável na fundação e administração da Instituição Beneficente Nosso Lar, por mais de 40 anos, uma com a parte intelectual e administrativa, e outra, com o lado mais sensitivo, orientador, com a influência positiva da mediunidade. Elas sabiam que uma ligação assim tão forte não seria somente dessa reencarnação, mas com certeza atravessava os tempos. Foi assim, talvez, que surgiu o livro As quatro deusas da Babilônia, uma história romanceada de inspiração mediúnica, escrita certamente como um rememorar de experiências.
É sua a apresentação da nova edição do livro. Qual foi sua reação quando leu pela primeira vez As quatro deusas da Babilônia?
Eu sempre li com admiração tudo o que minha mãe escrevia. Ela escrevia com muito amor e responsabilidade, como quem faz uma importante tarefa na vida. No caso de As quatro deusas, quando me entregou aqueles papéis, disse-me: veja se tem alguma utilidade, algum valor. Encantei-me pelo livro. Era uma história linda.
Como surgiu a temática central do livro?
As quatro deusas da Babilônia traz a história e os mistérios de uma confraria que, seis séculos antes de Cristo, anunciava indiretamente a vinda do mestre à Terra. Minha mãe tinha flashes de memória, ideias que surgiam e ela ia escrevendo, certamente inspirada nos momentos de enlevo.
E as deusas, quem seriam?
Maria Augusta e tia Nair sentiam-se como duas das deusas da história, mas combinaram de não se identificar e nem procurar pelas outras duas. Outro dia, pesquisando, li que houve mesmo uma confraria mística, antes do Cristo, acompanhando milhares de pessoas há milênios nas suas ações no bem. Essa busca pelo conhecimento da raiz, da origem e transcendência do ser, sempre existiu e a palavra “deusa” na obra não significa, portanto, algo místico. O romance se passa nos tempos do politeísmo, quando a espiritualidade dos iniciáticos já buscava o estudo e a compreensão de Deus único. É uma história bastante interessante.