Entrevista Arandi Gomes
Por Eliana Haddad
Quem é Arandi Gomes Teixeira?
Um Espírito encarnado consciente de que deve evoluir, material e espiritualmente, para dignificar a própria existência.
Como e quando se tornou espírita?
Em 1975 procurei uma casa espírita por necessidade de um dos meus filhos. Para ajudá-lo, passei a estudar, intensamente, as obras de Allan Kardec. Nelas, encontrei respostas racionais, para as minhas antigas indagações. Após o tratamento espiritual de meu filho, permaneci na casa espírita, com o propósito de assumir, intelectual e moralmente, os princípios e postulados da doutrina espírita.
Sempre foi médium? Fale um pouco sobre sua mediunidade.
Sim. Minha infância e adolescência foram permeadas de fenômenos; alguns físicos, assustadores e até agressivos. Aprendi, então, a conviver com os dois planos de vida. Uma vez na doutrina espírita, decidi estudar a minha mediunidade, educá-la e exercitá-la no trabalho espírita.
Quando começou a psicografar o Conde Rochester? Como foi?
No final da década de 70 uma vizinha me “empurrou” um livro grande, encapado de papel prateado, me dizendo que eu precisava lê-lo. Rejeitei, por falta de tempo, mas diante da sua insistência, levei por delicadeza. Uma tarde, decidi dar uma olhadinha. A obra era A vingança do judeu. Logo no início da leitura, fui ficando estranha, emocionada, e comecei a me aborrecer, inexplicavelmente, com isso ou aquilo, que não estaria como deveria estar, com relação à edição, nomes próprios, etc. Parei um instante e me questionei: “Arandi, você enlouqueceu?”. Como, eu poderia fazer cobranças como aquelas, se não conhecia a obra, nunca ouvira falar nela, ignorando, até mesmo, o nome do seu autor? Procurei, então, e li: “J.W , Conde Rochester”... O impacto foi grande. Declarei, sem me entender: “Eu não sei quem é você, mas sei que te amo!” Sentimentos desconhecidos, saudade sem saber de que e um dilúvio de lágrimas, me alcançaram. Aquele livro era “meu! Muito meu!” Que situação estranha!... Então, uma idéia me ocorreu: desafiar o autor... Pedi, em alto e bom som: “Venha até mim! Apareça!..” Não precisei evocá-lo duas vezes. Ele se materializou no meio da sala, sorrindo, roupas de nobre inglês, exibindo muita alegria. Ficamos, assim, nos olhando. Eu chorando, muito, e ele muito feliz. A partir daí, nunca mais nos afastamos, de fato, um do outro. Outros fenômenos se seguiram e passamos a caminhar juntos, todas as noites, durante o meu desdobramento pelo sono. Eu olhava para o meu corpo na cama, adormecido, antes de sair e o seguia. Peregrinamos, muitas vezes, por espaços e esferas, diferentes; conversamos muito e ele me instruiu a respeito de obras que eu deveria estudar. Com o tempo, me disse que escreveríamos livros. Assim foi e assim tem sido.
Como é sua rotina como médium e escritora. Você se prepara com leituras paralelas para receber as obras? Há algum planejamento?
Trabalho diariamente. Tenho horários pré-estabelecidos e disciplina. Antes, leio mensagens dos livros de Emmanuel (Fonte Viva, Vinha de luz, etc.), faço orações e me concentro. No som, músicas clássicas. Sim, sempre há um planejamento. O Rochester é muito organizado e eu também.
Qual sua ligação com Rochester? Alguma história ou fato revelado de vidas anteriores?
Minha ligação com esse Espírito é muito antiga. Caminhamos, lado a lado, há muito tempo. Conhecemos-nos bastante bem e nos respeitamos profundamente. Sim, são muitos os fatos e inúmeras as revelações de outras reencarnações, nas diversas épocas que ele enfoca nos seus livros.
As obras de Rochester trazem um estilo próprio do autor espiritual. É possível que se utilize de médiuns diferentes para ditar suas obras?
De fato, o estilo do Rochester é inconfundível. Muito apreciado, ele tem um público bastante eclético. Quanto a outros médiuns, cabe ao leitor analisar, comparar as obras, e tirar as próprias conclusões.
Na sua opinião, qual o grande trunfo de Rochester para ditar romances de tanto sucesso? Fale um pouco sobre ele. Qual sua principal característica ao se comunicar?
Ele, mesmo, é o seu próprio trunfo! Ele fascina o leitor e prende no seu visgo literário, do princípio ao fim, tornando-o personagem, atuante, das suas obras, e demonstrando, sem rebuços, que somos, todos, de fato e de direito, personagens desse drama épico que é a vida.
Você percebe evolução de Rochester enquanto espírito e autor?
Principalmente, como Espírito. Hoje, numa nova visão, ele se esforça, desassombrado, para evoluir, cada vez mais. Como autor, veja-se as suas obras nessa nova fase: profundamente comprometidas com os princípios do Evangelho de Jesus. Ele, mesmo, declara: “Não mais pompa e circunstância...”
O que acontece quando você finaliza uma obra como médium? Você se despede do autor espiritual?
O trabalho de psicografia, quase sempre, emociona. Finalizando a obra, muitas lágrimas, gratidão ao autor, e a satisfação de haver conseguido, apesar dos obstáculos, realizá-la. Não, nunca nos despedimos. Enquanto eu faço as intermináveis revisões e os planejamentos para as desejáveis edições, ele está presente, participando de tudo, sempre.
O que você tem a dizer sobre os comentários de que os romances mediúnicos afastam os interessados pelo espiritismo de conhecer as obras de Kardec?
Aqueles que não estudam o Espiritismo perdem, muito, quanto ao entendimento dos romances espíritas. Rochester baseia as suas obras, sempre, na codificação de Allan Kardec (seu particular amigo, desde a época do antigo Egito). Podemos, com justiça, considerá-lo um dos precursores do Espiritismo, quando ele narra histórias do mundo antigo e explica fenômenos mediúnicos, demonstrando um conhecimento admirável do plano espiritual.
Quais são as vantagens e desvantagens dos romances espíritas?
Não vejo desvantagem nos romances, espíritas, quando os mesmos são baseados nos princípios e postulados, espíritas. Quando não o são, eles podem ser romances, mas jamais serão espíritas. A vantagem deles está nos seus objetivos: entreter, fazer sonhar, emocionar, surpreender, instruir, esclarecer e apontar rumos _educando e transformando. Nosso querido autor sabe, como ninguém: criar, tecer enredos e desenvolvê-los, magistralmente, em histórias verídicas ou não; isso pouco importa, pois, segundo ele, a vida é mais fantástica que a ficção. Quando trabalho nos romances do caríssimo John Wilmot, Conde de Rochester, sou a primeira a ser beneficiada, nas luzes que os mesmos me trazem, e na incomparável oportunidade de trabalho e de aprendizado.