Carinho e reconhecimento a Éder Fávaro
Por Izabel Vitusso
Éder Fávaro, o radialista e expositor que marcou presença na história da radiodifusão do espiritismo, desencarnou no dia 21 de janeiro, acometido por um enfarto, aos 91 anos de idade.
Nascido em 1930 em Nova Itapirema, região de São José do Rio Preto, SP, Éder ingressou na doutrina espírita já morando na capital paulista, em 1956. Passou pela Federação Espírita do Estado de São Paulo, foi vice-presidente da USE-SP, esteve à frente da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo - ABRADE, da Associação de Divulgadores do Espiritismo de São Paulo - ADE-SP, mas foi na comunicação pelo rádio que ele encontrou a sua grande paixão.
No início de 1980, foi convidado para trabalhar na Rádio Boa Nova, da Fundação Espírita André Luiz, em Guarulhos, SP, e não parou mais. Lá ele idealizou e dirigiu inúmeros programas, dentre eles Diálogos Espíritas e Ação 2000, até hoje no ar, e que levam a sua marca inconfundível: a certeza de que é preciso dinamizar a comunicação, dar descontração ao conteúdo e levar o espiritismo para fora das casas espíritas.
“Éder soube transformar os desafios em oportunidades, para que pudéssemos ter a Rádio Boa Nova, uma emissora espírita, desde 1980”, comenta o radialista José Damião, seu parceiro de mais de 30 anos de projetos.
Sob a coordenação de Éder, o programa Diálogos Espíritas, exibido aos domingos às 9 horas, soma hoje mais de 400 entrevistas, com nomes consagrados no movimento espírita, como Herculano Pires, Freitas Nobre, Chico Xavier, e tantos outros, relembra Damião, despedindo-se do parceiro: “Eu convivi com esse amigo e aprendi muito. Saudade e gratidão”.
“A partida do nosso irmão Éder Favaro tem um significado especial, para quem o acompanhou desde 1963”, diz Milton Felipeli, seu parceiro inseparável na Boa Nova. “Estou certo de que ele foi recebido por outros irmãos, como o Amílcar Del Chiaro Filho, Osvaldo Sibinelli, Natalino D'Olivo, Hamilton Saraiva, Osmar Marsilli e outros, que se somam aos familiares queridos. Éder Favaro abriu para todos nós um novo caminho para a comunicação social espírita.”
Também da equipe dos radialistas da Boa Nova, Américo Sucena relembra as principais característica de seu amigo de mais de 25 anos de emissora: liderança nata e o gosto por trabalhar em equipe e, como bom otimista, foco no lado bom das coisas.
Para nós da comunicação, que continuamos a nos desafiar para encontrar a melhor maneira de servir à divulgação, Éder ainda deixa uma ‘palhinha’: “Você tem que trazer para a vida o que o espiritismo nos traz.”
“Sempre fui um amante do rádio.”
“Todos os instrumentos precisam ser movimentados para que a cultura espírita possa permear a cultura humana, fora do reduto interno da casa espírita.”
“As pessoas que chegam à casa espírita já não vão com o intuito de ouvir apenas a prece de olhos fechados. Estão de olhos e ouvidos bem abertos, perguntando o que o espiritismo pode oferecer para eles se melhorarem como cidadãs do mundo.”
“Não existe possibilidade de viver em qualquer lugar, mesmo no centro espírita, sem saber trabalhar com as diferenças. Cada um é cada um. Não existe espírito padronizado.”
“Não faço crítica nenhuma. Kardec deixa claro: você pode até não concordar, mas tem que respeitar.”
“No centro espírita dinâmico, o indivíduo entra uma vez, duas vezes e não se tenta laçá-lo. A pessoa assistiu apenas a duas palestras, mas dali já consegue despertar para ser melhor pai, melhor companheiro, ou conseguiu se corrigir, o espiritismo já cumpriu sua função.”