O trauma de guerra da estudante francesa
Por Izabel Vitusso
A Revista Espírita de setembro de 1866 relata uma interessante história sobre uma jovem que estudava num pensionato em Rouen, cidade ao norte da França na região da Normandia, que quando saía com os alunos a passeio, ou para ir à igreja, sentia sempre uma apreensão muito grande ao passar por determinado lugar, com a sensação de que iria cair num abismo. E tal fato se repetia toda vez que ela passava por lá.
Passados vinte anos, a antiga estudante voltou a visitar a cidade de Rouen e, tendo a curiosidade de rever o antigo pensionato, foi até lá. Ao passar pela rua, no mesmo lugar, a antiga sensação veio-lhe à tona. Novamente a impressão do chão lhe faltar e de sentir-se cair no abismo.
Mais tarde, já espírita, ao se recordar do fato e levá-lo à pessoa de confiança, ela obteve a explicação de que, no passado, naquele local, havia barrancos com fossos profundos, cheios d'água e que ela, fazendo parte de um grupo de senhoras que se mobilizaram em defesa da cidade contra a invasão dos ingleses, acabou por cair na trincheira, juntamente com as demais do grupo, vindo todas elas a desencarnar.
Esse fato é um dos tantos registrados na história de Rouen, que foi alvo de constantes invasões, desde o tempo de sua fundação no período do império romano.
Rouen também tem em seu registro histórico a condenação e a execução de Joana d’Arc. No ano de 1431, no local da atual praça Du Vieux-Marché, a mártir francesa foi levada à fogueira aos 19 anos acusada de bruxaria.
Sua mediunidade, embora na época não compreendida, foi o verdadeiro norte para a sua trajetória terrena. A menina camponesa teve um papel preponderante na formação do estado nacional francês quando, camuflada em sua vestimenta, e profundamente instruída pela espiritualidade, liderou um exército de milhares de homens e libertou a França do domínio inglês.
Legenda: Praça Du Vieux-Marché, com as ruínas da antiga praça onde Joana d’Arc foi martirizada