Chico Xavier no arquivo CORREIO

Por Redação

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Entre fevereiro e dezembro de 1997 o Correio Fraterno publicou uma série de artigos e entrevistas realizadas pelo articulista Adésio Alves Machado com Chico Xavier. O médium nunca se esquivava de abordar claramente temas atuais, e relevantes até hoje, baseando-se sempre na doutrina, opinando sozinho ou coadjuvado pelo mentor, Emmanuel. Alguns dos assuntos abordados foram:

PÁTRIA DO EVANGELHO

“Chico, como pode o Brasil ostentar esta destinação de ‘coração do mundo, pátria do Evangelho’, quando tem milhares de crianças abandonadas, passando fome, com tanto desemprego, tanta corrupção, tanta miséria física e moral?”

Chico Xavier: Meu filho! O fundador do Evangelho foi crucificado; por que vamos esperar privilégio para um país? A verdade é que temos uma visão muito acanhada de evolução e de progresso de uma humanidade. Anelamos e exigimos resultados imediatos, quando eles vão chegando devagar, imperceptíveis, sem a luz do espiritismo.

Joanna de Ângelis,  na personalidade de Joana de Cusa, no ano 68 da era cristã, deu testemunho de amor ao Cristo, deixando-se imolar e ao filho único para não negar o Filho de Deus. Atitude de uma autêntica mártir. No dia 20 de fevereiro de 1815, na personalidade de abadessa Joana Angélica de Jesus, foi assassinada a golpe de baioneta por soldados que lutaram contra a independência do Brasil. Basta este exemplo para vermos como demora o processo evolutivo.

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Chico, a doação de órgãos não traz sofrimento ao doador?
Sempre que a pessoa estiver desapegada das coisas terrenas, de seus interesses, que faz o bem sem aguardar gratidão, se essa pessoa chegou a este grau de evolução, em que a noção da posse não mais preocupa, está em condições de dar, porque seu perispírito não será afetado em coisa alguma.

Não gozassem os doadores da misericórdia de Deus, seria a falência desse processo doativo de órgãos. Quem aventurar-se-ia a doá-los?

QUEM FOI CHICO XAVIER

Chico, você sabe dizer quem foi em outra existência?

Ah... não sei exatamente.

Tenho ideias relampejantes, mas não tenho certeza. Devo ter tido uma existência de pouco destaque e nenhum poder ou força. Naturalmente eu era dos menores.”

Chico teria sido Allan Kardec? 

Sobre a inquirição que vez por outra surgia no movimento espírita (e ainda surge), se ele teria sido Allan Kardec, Chico responde de forma incisiva:

“ Não, não sou. Não fico bravo, porque digo isso com serenidade. Não sou! Consulto a minha vida psicológica, as minhas tendências. Tudo aquilo que tenho dentro do meu coração, sou eu. Não tenho nenhuma semelhança com aquele homem corajoso e forte que em 12 anos escreveu 18 maravilhosos livros.

De maneira que ele exerce sobre mim uma  influência muito grande, não por ele, por que não o conheci, mas pelas ideias que deixou gravadas.”  

Grande número de enfermos recorre a todos os recursos terrenos e espirituais sem se curarem, o que leva muitos à descrença. O que o Chico poderia dizer a respeito?

A QUESTÃO DA CURA 

Estando a pessoa no merecimento da cura, ela encontrará a cura, tenha fé ou não. Isso em qualquer religião ou em qualquer tempo. O espírito de aceitação é fundamental, tanto para o trabalho do médico da Terra, quanto a trabalho dos benfeitores espirituais. A aflição, a nossa inquietação dificultam a cura. Não esqueçamos que muitas doenças são pedidas por nós antes de nascermos, justamente pra não incidirmos nos mesmos erros do passado. A cura nestes casos é uma ruína para nós, não um benefício”.

Chico afirma ainda que estamos sofrendo mais por excesso de conforto do que por excesso de desconforto.

(Acervo do Correio Fraterno - Fev a Dez 1997)