Quando o telefone tocou

Por Ana Laura Sgambato

Minha mãe desencarnou no dia 11 de abril de 2016, com 76 anos de idade, em decorrência de diabetes, deixando um vazio imensurável, uma dor incalculável, como se fosse um pássaro que voou e que não voltou mais para as minhas mãos. A saudade era grande. Mas, por ser espírita, consegui entender a nossa separação e ter a plena convicção de que vamos nos encontrar no Plano Maior.

Entretanto, a vontade de saber como ela estava me fez procurar um alento para diminuir a saudade que apertava meu peito. Por intermédio de uma amiga, soube de um centro espírita que realizava um trabalho de psicografias de entes queridos e, assim, fui até lá para ver se conseguia notícias da minha querida Zélia.

Fui por quatro vezes, no ano de 2018, e uma vez em 2019, mas não consegui nenhum recadinho. Voltava um pouco decepcionada e, no fundo, pensava que ela não queria falar comigo. Que atitude egoísta a minha!

Eu gostava de ir àquele centro, pois aos sábados ele era enriquecido com palestras e um coral maravilhoso, que cantava e encantava o ambiente, enquanto aguardávamos o trabalho das psicografias.

No dia 16 de março de 2019, por volta das 16 horas, último dia em que eu fui àquela casa, pensei: “Hoje minha mãe vai enviar uma mensagem”. Estava sentindo que era aquele dia e, assim, pedi a Deus que me atendesse, o que me fez entrar em profunda sintonia com o momento e com ela.

E qual foi minha surpresa?

Nada de comunicação!

Voltei para casa um pouco decepcionada. Liguei para minha filha e narrei o acontecido. Depois de me ouvir, Débora me contou que naquele mesmo horário, ela havia se deitado para descansar e acabou adormecendo. Sonhou, então, com a minha mãe, que estava acompanhada de uma moça, sendo bem cuidada e em tratamento, mas que precisava ir embora. Que ela viera apenas para dizer que estava bem.

Minha filha queria perguntar algo mais, mas não foi permitido, e minha mãe partiu.

Fiquei feliz, em primeiro lugar porque depois de tanto tempo, minha mãe se comunicou com minha filha, com a qual sempre demonstrou ter uma conexão profunda. Em segundo, por saber que, embora a comunicação não tenha ocorrido como eu esperava, aquele fato só veio aumentar a minha crença na vida futura.

O mais interessante de todo esse processo, além de passar a saber que minha mãe estava bem, foi entender que o telefone realmente toca no momento certo, e não quando desejamos ou da forma que queremos.