A voz que me socorreu
Por Marcelo Gomes
Sou espírita e colecionador de muitas histórias espíritas, pois desde cedo, entre outras razões, pedi em minhas orações, e por certa inspiração, que eu pudesse saber sempre mais, sobre tudo que se esconde por detrás das cortinas do teatro vida, já que estamos temporariamente em um palco-mundo. E, nada mais eficaz, revelador e certeiro do que aquilo que pedimos com sinceridade em nossas orações.
Era sábado, janeiro de 2001, e eu, com um histórico antigo de práticas de esporte, havia completado cerca de 1.000 abdominais e centenas de repetições de exercícios, com pesos, para braços e ombros, havia ‘malhado’ bastante ao longo do dia, e já era por volta de onze e meia da noite, quando fui me deitar. Foi quando senti um ligeiro entorpecimento que começou no queixo e percorreu, bem ligeiro e de modo bastante suave, do meu pescoço abaixo, pelo peito e até o diafragma.
Eu jamais prestaria maior atenção àquilo que se deu e ao que senti, pois realmente não passava de uma mera sensação, estranha, sim, mas sem o menor indício de que pudesse se tratar de qualquer coisa mais séria. Porém, uma voz que eu já tinha ouvido em outra ocasião, na ocorrência de um fato grave cerca de vinte anos, soou de novo, clara e incisiva em minha cabeça, dizendo-me: Vai para o hospital agora!
E eu então estanquei atônito e, paralisado, não compreendia o que estava acontecendo. Porém, e pela segunda vez a voz orientou: Vai para o hospital agora!
Eu me levantei, pois havia compreendido intuitivamente a urgência e gravidade daquilo, e bati na porta do quarto de meus pais e, quando abriram a porta, apenas lhes disse: Tenho de ir para o hospital agora.
Claro que foi tudo muito estranho e confuso, mas fomos para o hospital Santa Teresinha, na Tijuca, no Rio de Janeiro, e lá eu expliquei o ocorrido. Após alguns exames uma médica chamou uma amiga, que também já havia chegado ao hospital, e lhe disse que meu caso era muito sério. Fui transferido, para o Hospital Santa Maria, no bairro das Laranjeiras. De lá, fui removido para o Hospital Cardiobarra, na Barra da Tijuca.
Eu estava com um aneurisma dissecante da aorta ascendente e, quando minha família tentou fazer nova remoção, eles explicaram os grandes riscos. Correram, então, para encontrar um cirurgião habilitado e disponível para a delicada cirurgia de urgência. Contataram o doutor Mauro Paes Leme, e a cirurgia correu bem. Tempos depois, ela era citada como um dos casos em um livro médico, segundo doutor Mauro Paes Leme.
Haviam dito, naquela primeira cirurgia, que eu não tinha chances de sobrevivência, mas eu sobrevivi. Faria ainda outra cirurgia cardíaca, cerca de um ano e cinco meses depois, e agora contando com 10 % de chances de sobrevivência. E o doutor Nelson Berg fez um excelente trabalho como cirurgião e o meu caso novamente tornou-se um caso de estudos médicos.
Desde 2002 possuo uma válvula metálica aórtica acoplada a um enxerto aórtico. Nada que me impeça de, hoje ainda, e três vezes por semana, pedalar de quatro a cinco horas e fazer de 3.500 a 4.200 exercícios com pesos. E tenho a certeza da exatidão de muitos dos princípios que repito em meus escritos, como escritor espírita: “Ajuda-te que o céu te ajudará!”