Escala Espírita: um guia preciso para as relações com os espíritos
Por Eliana Haddad
Em fevereiro de 1858, Allan Kardec publicou na Revista Espírita a escala espírita, um guia que traz a classificação dos espíritos com relação ao seu progresso moral e intelectual. À primeira ordem, pertencem os espíritos puros; à segunda, os espíritos bons, e à terceira, os espíritos imperfeitos.
“De todos os princípios fundamentais da doutrina espírita, um dos mais importantes é, incontestavelmente, o que estabelece as diferentes ordens de espíritos”, diz Kardec.
A escala mostra que os espíritos têm “caracteres distintivos” nos diversos graus, o que nos facilita perceber com quem estamos lidando. Também nos interessa por revelar em que ponto nos encontramos no processo evolutivo e qual caminho seguir.
“Esse estudo requer uma observação atenta e constante: são precisos tempo e experiência para aprender a conhecer os homens; e não são necessários menos para aprender a conhecer os espíritos”, observa Kardec.
Para efeito didático, ele dividiu as três ordens principais em classes, lembrando que essa classificação nada têm de absoluto e que às vezes as posições se confundem em suas passagens “como as cores do arco-íris”.
Estudo interessante e obrigatório para todos os espíritas, a escala espírita é porto seguro para sanar dúvidas sobre o teor das comunicações e nos guiar no exercício contínuo do autoconhecimento. Diferentemente das teorias de autoajuda, as características mencionadas se referem ao estado evolutivo do ser espiritual, cuja felicidade se liga à fraternidade, nas relações de amor entre os homens, e não apenas às satisfações momentâneas e desejos particulares ligados à matéria.
Terceira ordem - Espíritos imperfeitos
(Impuros, levianos, pseudossábios, neutros)
Principais características:
- Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal.
- Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões consequentes.
- Possuem intuição de Deus, mas não o compreendem.
- Nem todos são essencialmente maus. Há mais leviandade, inconsequência e malícia.
- Uns não fazem o bem nem o mal; denotam inferioridade por não fazerem o bem.
- Independentemente do desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas.
- Conhecimentos limitados sobre o mundo espírita, e ainda os confundem com as ideias da vida corpórea.
- O caráter se revela pela linguagem.
- A felicidade dos bons é sempre um tormento incessante.
- As angústias produzidas pela inveja e pelo ciúme os atormentam.
- A lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea é por vezes mais penosa que a realidade.
- Pelo sofrimento demorado, creem sofrer sempre.
Segunda ordem – Bons Espíritos
(Espíritos benévolos, sábios, de sabedoria, superiores)
- Predominância do espírito sobre a matéria. Desejo do bem.
- Uns têm ciência, outros sabedoria e bondade.
- Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais.
- Conservam mais ou menos os traços de sua existência corpórea.
- Compreendem Deus e o infinito e já desfrutam da felicidade dos bons.
- Sentem-se felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem.
- O amor que os une é fonte inefável de felicidade.
- Todos ainda deverão passar por provas até atingirem a perfeição absoluta.
- Sugerem bons pensamentos e desviam os homens do caminho do mal.
- Encarnados, são bons e benevolentes; não são movidos pelo orgulho, egoísmo, ambição, ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
- Conhecidos como bons gênios, protetores, espíritos do bem.
Primeira ordem – Espíritos puros
- Nula a influência da matéria. Superioridade intelectual e moral.
- Percorreram todos os degraus da escala e se despojaram das impurezas da matéria.
- Não têm mais que passar por provas ou expiações.
- Não estão mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis.
- Gozam de uma felicidade inalterável.
- São os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção do equilíbrio universal.
- Comandam a todos os espíritos que lhes são inferiores, ajudam a se aperfeiçoar e lhes confiam missões.
- Designados por vezes como anjos, arcanjos ou serafins.
- Os homens podem entrar em comunicação com eles; entretanto, estão longe de pensar em tê-los às suas ordens.