Sobre nossas escolhas

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Por Jáder Sampaio*

Pode uma pessoa ter afeto por duas religiões, o catolicismo e o espiritismo? Sei que não se pode adorar a dois deuses. Porém não consigo saber em qual me sinto melhor e qual devo seguir.
Maria, por email

Os afetos brotam em nossa alma, são reações internas que podem evoluir com o tempo, são emoções. Podemos sentir afetos (e desafetos) por pessoas que acabamos de ver, por animais, por instituições, por tudo aquilo com que nos deparamos na vida.

O próprio Kardec resolveu perguntar aos espíritos sobre as simpatias e antipatias que sentimos por outras pessoas (O livro dos espíritos, questões 386 a 391) e eles falam em ligações oriundas de vidas passadas, afinidades entre eles no presente e até de uma visão preconcebida que se modifica com o tempo e a convivência.

Sentimos, por exemplo, afeição por diversas pessoas, mas há uma diferença muito grande entre sentir afeição e optar por casar-se ou separar-se de alguém.

Essas decisões nos afetam mais profundamente, porque envolvem vincular-se ou desvincular-se.

Elas envolvem nosso dia a dia, nossos valores, nossa família, os amigos que fazemos na comunidade religiosa. Da mesma forma, para que a religião não seja apenas um lugar que frequentamos semanal ou quinzenalmente, para que ela se torne um espaço de realização pessoal e coletiva, a escolha seria importante, pois evitaria que ficássemos "borboleteando" entre grupos e entre doutrinas, às vezes até mesmo contraditórias entre si.

*Jáder Sampaio é psicólogo escritor e pesquisador espírita. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais.

(Publicado no jornal Correio Fraterno - Edição 465 setembro/outubro 2015)

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