Por que estamos vivendo mais?

Além das descobertas da ciência, que ajudam na prevenção e tratamento das doenças, por que estamos vivendo mais na Terra? – Márcio Santana, São Paulo

Por Eliana Haddad

A questão da longevidade tem exigido estudos multidisciplinares em busca de melhores condições para se preservar a vida humana na Terra. A expectativa de vida mundial tem aumentado, a população está envelhecendo, e a proporção de idosos tem se tornando maior em quase todos os países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em cerca de três décadas o número de pessoas idosas será igual ao número de crianças.

Isso não está acontecendo apenas pelo desenvolvimento tecnológico e científico. O espiritismo explica que existe um outro componente, que obedece à lei do progresso. Enquanto os materialistas tudo atribuem ao processo natural da evolução da espécie, que está se aprimorando com corpos cada vez mais adaptados, pela visão espírita o panorama se abre. É que, por lei divina, os mundos também evoluem conforme o adiantamento de seus habitantes e, para passarem de inferiores a superiores, inclui-se não somente o melhoramento da ciência, mas também a mudança da condição moral do conjunto da população, que vai evoluindo pouco a pouco, substituindo-se a maior brutalidade para a sobrevivência de corpos mais grosseiros por organismos mais aperfeiçoados que necessitem de menor desgaste físico e exposições a doenças.

Longevidade e o grau de adiantamento dos mundos

Em O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 3, Allan Kardec desenvolve o tema “Há muitas moradas na casa de meu pai”. Nas Instruções dos espíritos, insere justamente as características dos mundos inferiores e superiores com os quais nos sintonizamos para realizar o nosso progresso. Explica que nos mundos que chegaram a um grau superior, as condições da vida moral e material são “muitíssimo” diversas das da vida na Terra. Em toda parte, a forma corpórea é sempre a humana, mas a escalada dos mundos melhores nada tem da materialidade terrestre, por não estar sujeita às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca. “Os homens conservam os traços de suas passadas migrações, mas irradiam uma luz divina e, em lugar de semblantes descorados, abatidos pelos sofrimentos e paixões, a inteligência e a vida cintilam”, afirmam os espíritos colaboradores, explicando que a pouca resistência que a matéria oferece permite que os já mais adiantados tenham a vida isenta de cuidados e angústias. Ensinam também que, em princípio, a longevidade guarda proporção com o grau de adiantamento dos mundos.

A Terra, embora ainda uma morada de provas e expiações, também obedece à mesma lei. Por mais que fiquemos assustados com os maus acontecimentos que ainda nos entristecem por aqui, precisamos sempre lembrar que estamos progredindo e que, com isso, nossa tendência será a de viver não somente mais, mas melhor, sabendo-se que nada acontece num piscar de olhos. O progresso é lento, mas contínuo.

Sobriedade e duração da vida

Kardec, ao comentar em O livro dos espíritos, questão 188, sobre as condições de longevidade, também observa que em outros lugares elas não são as mesmas que na Terra e que as idades não podem ser comparadas. Vale citar ainda a Revista Espírita de agosto de 1860, que traz também um comentário interessante sobre longevidade. “A sobriedade e o clima sem dúvida têm grande influência na duração da vida. Mas o que sobretudo deve contribuir para isto é a tranquilidade de espírito e a ausência de preocupações morais, que em geral afetam a gente da sociedade civilizada, gastando-a prematuramente. Eis por que se encontra maior quantidade de idosos entre os que vivem mais próximos da natureza”, refletiu-se durante sessão realizada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.