Casas mal-assombradas
Existem mesmo casas mal-assombradas, com fantasmas barulhentos? – Silvia Barbosa Oliveira – Ourinhos, SP
Por Redação
Existem e não são raras, nem novas. Embora sejam muito menos ameaçadoras do que muitos imaginam, essas ocorrências são manifestações de espíritos que provocam efeitos físicos, como barulhos, batidas de porta, acender-apagar de luzes, para chamar atenção. Com o auxílio da superstição, essas casas foram tidas como assombradas por espíritos maléficos. Esses fatos podem impressionar pessoas predispostas, pela educação, a alimentar ideias supersticiosas.
Explica Allan Kardec em O livro dos médiuns (leia o box) que ninguém mais terá medo dos espíritos quando todos estiverem familiarizados com eles e quando os a quem eles se manifestam já não acreditem que estão às voltas com uma legião de ‘demônios’.
Na Revista Espírita de fevereiro de 1859, ele conta que havia recebido uma carta, relatando que há dois meses ouviam-se ruídos estranhos numa casa na França. No começo, eram golpes secos, parecidos com pancadas de um machado no assoalho. Depois, foram as passadas de um homem e o tamborilar de dedos nas vidraças.
Os moradores ficaram amedrontados, e até a polícia foi tomar conhecimento do fato, e o barulho só aumentava. Portas se abriam, objetos eram revirados, cadeiras eram projetadas pela escada e móveis transportados para o sótão. Tudo acontecia em pleno dia, com a certificação de grande número de pessoas. A casa tinha uma construção recente, não era sombria, e os proprietários morriam de medo.
Em resposta, Kardec explica que fatos dessa natureza não eram difíceis de ocorrer e que eles acabavam sendo muito semelhantes. Os espíritos, quando perguntados sobre o motivo pelo qual assim perturbavam, a maior parte respondia que não havia outro objetivo senão divertir-se. “São antes espíritos levianos do que maus. Riem-se do medo que provocam, como das inúteis pesquisas para descobrir a causa do tumulto. Muitas vezes se obstinam junto a um indivíduo que gostam de incomodar e que perseguem de casa em casa; outras vezes, se ligam a um determinado lugar, sem qualquer motivo, a não ser por capricho. Por vezes, também é uma vingança que levam a efeito. Em certos casos, sua intenção é mais louvável: querem chamar a atenção e estabelecer contato, seja para fazer uma advertência útil à pessoa a quem se dirigem, seja para pedir algo para si mesmos”.
Kardec destaca que, em geral, não há razão para se amedrontar. “Sua presença pode ser importuna, mas não é perigosa. Se são espíritos que se divertem, quanto mais levarmos a coisa a sério, mais eles persistem, como meninos travessos que apoquentam tanto mais quanto mais veem que nos impacientamos, e que metem medo aos covardes. Se tomássemos o sábio partido de rir de suas malandrices, acabariam se cansando e deixando-nos tranquilos”.
Ele também orienta que uma prece é o melhor a se fazer diante desses fatos. “Se for um espírito infeliz, que o tratemos com os cuidados que merece. Se for malévolo, é preciso pedir a Deus que o torne melhor. Em todo caso, a prece só poderá dar bons resultados. Mas a gravidade das fórmulas de exorcismo causa-lhes riso e por elas não têm nenhum respeito”, conclui.
Ruídos e pancadas são as manifestações espíritas mais simples e mais frequentes. Mas é preciso ficar atento para não serem confundidos com barulhos causados pelo vento, por animais, etc...
Fenômenos de efeitos físicos podem ocorrer espontaneamente, sem a participação da vontade. Para excluir a suposição de que possam ser efeito de imaginação sobrexcitada pelas ideias espíritas, basta lembrar que eles se produzem entre pessoas que nunca ouviram falar disso e quando menos esperavam.
As manifestações físicas têm por fim chamar nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de uma força superior ao homem. Os espíritos elevados não se ocupam com esta ordem de manifestações. Eles se servem de espíritos inferiores para produzi-los. - O livro dos médiuns, itens 82 a 85.