O que é espiritismo?
“O espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações”.
Ainda segundo Kardec, podemos defini-lo: “O espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”.
Quem inventou o espiritismo?
Não foi Kardec quem “inventou” o espiritismo, mas os próprios Espíritos que o revelaram, mostrando não somente que existiam, mas também contando em detalhes como era o mundo em que viviam.
Foram os Espíritos que trouxeram o espiritismo até nós, contando com o incansável trabalho de Allan Kardec. Foi ele quem organizou o espiritismo em forma de doutrina, trazendo através de suas obras a reunião metódica das informações que recebia dos Espíritos.
O espiritismo não é, portanto, invenção, nem obra particular, nem opinião individual. Foram diversos Espíritos, que se manifestaram em diversos lugares e por diversos médiuns, que trouxeram à humanidade terrena esses novos ensinamentos.
Quem criou o espiritismo?
Quem criou o espiritismo foram os Espíritos, que contaram com o trabalho de Allan Kardec. Foi ele quem o organizou em forma de doutrina, reunindo as informações que recebia dos espíritos através dos médiuns com método, utilizando-se do critério da universalidade do ensino dos espíritos, a universalidade da razão. O espiritismo, portanto, não é uma opinião individual, mas a reunião metódica de diversos ensinamentos, recebidos em diversos lugares, por diversos médiuns e diversos Espíritos.
Não há espiritismo, portanto, sem a referência às obras assinadas por Allan Kardec.
Onde surgiu o espiritismo?
Oficialmente, o espiritismo surgiu na França, em Paris, com o lançamento de O livro dos espíritos, por Allan Kardec, em 1857.
Na verdade, manifestações de Espíritos sempre aconteceram, mas no século 19, houve uma intensificação desses fenômenos. Começaram com as batidas em Hydesville, Estados Unidos, na casa da Família Fox, em 1848, e logo depois, na Europa, com as mesas girantes.
Como surgiu o espiritismo?
A sociedade parisiense se reunia em volta dessas mesas girantes para diversão, porque elas davam respostas, através de batidas com seus pés, movimentando-se, girando.
O espiritismo começou quando Hippolyte Léon Denizard Rivail teve contato com esses fenômenos. Pesquisador que era - fora aluno de Pestalozzi, tornando-se um renomado pedagogo francês, com vários livros didáticos publicados - o então Professor Rivail desconfiou desses estranhos espetáculos. Queria compreender a causa de tudo aquilo e acabou descobrindo um mundo novo para o até então estabelecido conhecimento humano.
Somente mais tarde é que passou a assinar Allan Kardec para as obras espíritas, trazendo à humanidade respostas para suas principais perguntas: “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?
É que por trás de tudo aquilo havia inteligências, seres pensantes, que não somente compreendiam as perguntas que lhes faziam, como respondiam e revelavam aos poucos uma outra face da verdade. Eram os Espíritos. "Não é a mesa que pensa! Somos nós, as almas dos homens que viveram na Terra", responderam ao então professor Rivail, que nunca mais parou de estudar esses e outros fenômenos.
Foram os próprios Espíritos, portanto, que se apresentaram e revelaram não só que existia vida após a morte, como também as peculiaridades no mundo em que viviam, o mundo espiritual.
Mais tarde, Kardec definiria o espiritismo como "a doutrina fundada sobre a existência, as manifestações e o ensino dos espíritos".
Vale ressaltar que o termo espiritismo (espiritismo) foi criado, sim, por Allan Kardec, em 1857, com a publicação do O livro dos espíritos, para definir o corpo de ideias ali reunidas, destacando as diferenças do espiritismo em relação ao espiritualismo.
Quais são os livros da Codificação Espírita
Além da obra inicial, O livro dos espíritos, Allan Kardec lançou outros livros para explicar a doutrina espírita.
O espiritismo está alicerçado em cinco "obras básicas", chamadas de Codificação Espírita e que foram publicadas em Paris, por Kardec, entre 1857 e 1868.
Os livros da Codificação:
O livro dos espíritos
O livro dos médiuns
O evangelho segundo o espiritismo
O céu e o Inferno
A gênese
Somam-se ainda as chamadas obras "complementares", como O que é o espiritismo? a coleção Revista Espírita e Obras póstumas (1890), reunindo, trinta anos após a sua morte, textos e apontamentos de sua autoria sobre o espiritismo e sua história.
Como o espiritismo chegou ao Brasil?
No Brasil, segundo relatos da Federação Espírita Brasileira, o espiritismo chegou em 1865, porém há divergências de opiniões quanto à data e a a forma como chegou o espiritismo no Brasil
O espiritismo ganhou popularidade no Brasil através do médico Adolpho Bezerra de Menezes (1831-1900) e Chico Xavier (1910-2002).
O espiritismo hoje está em quase todo o mundo, sendo o Brasil seu maior representante, reunindo milhares de instituições espíritas, espalhadas por todas as regiões do país. Além das entidades federativas e das casas espíritas, há também associações espíritas brasileiras que reúnem vários profissionais como a Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas, Associação Brasileira de Magistrados Espíritas, Associação Brasileira de Artistas Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas Associação Médico Espírita do Brasil, etc.
Onde há templos de espiritismo?
O espiritismo não tem templos. Os espíritas se reúnem em grupos para estudo e assistência social e espiritual, que são chamados de centros espíritas, locais onde se desenvolvem as diversas atividades: palestras, passes, cursos e atendimento às comunidades.
Onde encontrar o espiritismo?
Há espíritas espalhados por vários países. O Conselho Espírita Internacional (CEI) reúne 36 países membros: Alemanha, Angola, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Holanda, Honduras, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Moçambique, Noruega, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça, Uruguai e Venezuela. Outra organização espírita internacional, a Confederação Espírita Pan-americana, reúne instituições espíritas e delegados de 13 países como Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Honduras, México, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela.
No Brasil, segundo o último censo demográfico (IBGE- 2010), o espiritismo cresceu do ano de 2000 até 2010, mais de 60% (de 2,3 milhões para 3,8 milhões de seguidores). O próximo Censo Demográfico será realizado em 2020.
É muito difícil estipular o número exato de espíritas no Brasil e no mundo. Há quem nem considere o espiritismo como religião e segue seus ensinamentos, mesmo sendo de outra religião.
Em dezembro de 2016, uma reportagem da revista Superinteressante mapeou as oito maiores religiões do mundo. O espiritismo ficou em oitavo lugar, com aproximadamente 13 milhões de adeptos. “O espiritismo não é exatamente uma religião, mas também entra na lista. A sobrevivência do espírito após a morte e a reencarnação são as bases dessa doutrina, que surgiu na França e se expandiu pelo mundo a partir da publicação de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (1857). É no Brasil que se encontra a maior comunidade espírita do mundo: 1,3% da população do país é espírita”, informou.
Na reportagem, o cristianismo ficou em primeiro lugar com aproximadamente 2,2 bilhões de adeptos. Acontece que o espiritismo também é cristão, tendo Jesus como seu maior guia e modelo. Se é ou não uma religião, foi o próprio Allan Kardec quem respondeu à dúvida, no século 19: “Sim! Sem dúvida, senhores; no sentido filosófico, o espiritismo é uma religião, porque é a doutrina que fundamenta os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza”. E conclui: “O espiritismo não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual inevitavelmente seria desprezado, eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica moral”.
Muitos números certamente deverão ser reconsiderados no futuro quando o espiritismo se tornar mais conhecido através das obras de Allan Kardec.
Onde estudar espiritismo?
Os centros espíritas possuem grupos de estudo e cursos sobre o espiritismo, que são realizados com base nas obras de Allan Kardec, cuja leitura é imprescindível. Há cursos presenciais e à distância, gratuitos, em várias casas espíritas.
Estudar faz parte da caminhada do espírita. “Espíritas, amai-vos eis o primeiro mandamento e instrui-vos eis o segundo”, foi a frase ditada pelo Espírito Verdade em Paris 1860 e que foi publicada por Allan Kardec em O evangelho segundo o espiritismo.
Existem símbolos no espiritismo?
O ramo de videira é uma das poucas imagens reconhecidas pelo espiritismo
O Espiritismo não possui um símbolo oficial e prioriza uma linguagem denotativa, no entanto, o ramo de videira presente em O livro dos espíritos - única gravura usada por Kardec na Codificação Espírita - é considerado pela doutrina como a imagem metafórica perfeita da relação entre o espírito e o corpo humano, devido a esse trecho:
“Porás no cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos, porque é o emblema do trabalho do Criador. Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos”.
O espiritismo defende a fé raciocinada, que se utilize do raciocínio lógico. Não aceita a fé cega em suas crenças.
Não há no espiritismo qualquer prática exterior, nem rituais institucionalizados, como cultos de batismo ou cerimônia de casamento. Veja o que não é espiritismo:
Exorcismo e fórmulas
Palavras sacramentais
Horóscopo e cartomancia
Pirâmides e cristais
Amuletos e talismãs
Oferenda e altar
Imagem e paramentos
Dança e procissões
Bebidas alcoólicas ou alucinógenos
Incenso e fumo
O espiritismo respeita todas as religiões e opiniões. Seu lema é: “Fora da caridade não há salvação”.
Foram os Espíritos que definiram que caridade era ter benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas.
No que acredita o espiritismo?
O espiritismo é uma doutrina científica, filosófica e religiosa, que auxilia o homem em seu aperfeiçoamento moral no processo natural de crescimento espiritual.
O espiritismo, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes princípios:
§ Existência de Deus
Deus é único, eterno, onipotente, onipresente, justo e bom. Não existe a Santíssima Trindade
§ Deus criou o universo
O universo é criação de Deus, incluindo todos os seres (Jesus, também), que estão destinados sempre a evoluir. É a lei do progresso;
§ Imortalidade
O espiritismo defende não somente existência do espírito, mas também sua imortalidade. Ele vai existir para sempre. O espírito é a individuação inteligente da Criação Divina. Ele atua sobre a matéria através de um corpo sutil denominado “perispírito”, que é indestrutível e vai acompanhar sempre o espírito imortal, seja qual for sua evolução;
§ Reencarnação
É a volta do espírito à matéria, à carne, tantas vezes quantas forem necessárias. Esse processo é o mecanismo natural de que o Espírito se utiliza para alcançar o aperfeiçoamento material e moral. Sempre para evoluir, progredir, e atingir a perfeição relativa. Apenas Deus possui a perfeição absoluta. O espiritismo não aceita a metempsicose (encarnação do espírito humano em corpos de animais), pois seria retroceder na evolução;
§ Livre-arbítrio
Todos os Espíritos são criados por Deus da mesma forma: simples e ignorantes em sua origem, com aptidões idênticas e destinados ao Bem. Aos Espíritos, humanos, ao adquirirem o conhecimento de si mesmos (consciência) é dado também o livre-arbítrio (liberdade e responsabilidade por suas escolhas);
§ Comunicação entre os espíritos
Todos os espíritos se comunicam. E há essa possibilidade entre os espíritos “vivos” (encarnados) e “mortos” (desencarnados). Isso pode ser realizado com a ajuda de médiuns, que são pessoas com determinadas capacidades que atuam como intermediárias entre eles. Isso é mediunidade.
§ Lei de causa e efeito
A lei de causa e efeito tem como lógica de que todo efeito tem um causa e é um princípio universal. Tendo como meta a felicidade, o Espírito pauta sua vida através do livre-arbítrio.
A escolha de suas ações é um instrumento para erros e acertos, visando ao progresso através das conquistas voluntárias do conhecimento moral e intelectual.
Todas as ações em desacordo com as leis naturais (divinas), realizadas consciente ou inconscientemente precisam ser reparadas. Isso não é castigo, mas aprendizado normal da evolução, que não dá saltos, sendo progressiva e contínua. É neste momento que passa a agir a Lei de Causa e Efeito.
Corrigir as falhas na caminhada é oportunidade de acerto, por isso a lei divina é misericordiosa; não é punitiva e sim educativa para nos direcionar para o Bem. O livro dos espíritos (questão 964) explica que Deus tem leis que regulam todas as ações e, quando são violadas, devem ser reparadas. Quando um homem comete um excesso, Deus não pronuncia um julgamento contra ele, punindo-o. Mas Ele traçou um limite, como as doenças, que não são punição, mas consequência dos excessos, resultado da infração à lei.
Por isso a condição atual pode também ser resultado de atos passados, nesta ou em outras vida. O futuro está sendo construído diariamente, e não só com ações no bem ou no mal, mas também com palavras, pensamentos e sentimentos. O aprendizado é constante e as oportunidades de transformação são intermináveis.
O espiritismo explica que há, sim, vida em outros planetas. É o que se chama de pluralidade dos mundos materiais habitados: a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo, sendo possível a reencarnação em outros orbes;
§ Jesus
Jesus é um espírito criado por Deus como todos os outros espíritos. Nasceu pelas leis naturais, realizou sua caminhada evolutiva, sendo exemplo a seguir por toda a humanidade. Para o espiritismo, os ensinos de Jesus servem de roteiro para a conquista ético-moral da Humanidade. A prática de seu evangelho é instrumento indispensável para solução das dificuldades humanas. O espiritismo adota, portanto, uma moral cristã. E o espírita não é o que é perfeito, mas o que se esforça para ser sempre melhor.
Por que o espiritismo é a terceira revelação?
Explica O evangelho segundo o espiritismo que a humanidade teve três grandes revelações espirituais. A primeira foi a revelação mosaica (de Moisés), que estabeleceu o monoteísmo, a crença num Deus único. A segunda, revelada por Jesus, diz respeito à vida futura, à fraternidade universal e ao mandamento cristão do amor incondicional a Deus e ao próximo. E a terceira, a Revelação Espírita, não mais individual, mas coletiva, visa a dar continuidade ao plano espiritual de interagir com a Humanidade, esclarecendo o que estava escondido ou compartilhado apenas com iniciados.
As três se sobressaem pela grandeza de seus enunciados e pelas consequências que imprimiram na História da Humanidade.
Por que o espiritismo é o Consolador Prometido?
Jesus, na última ceia, antes de sua crucificação, disse aos discípulos que no futuro, quando a humanidade estivesse mais madura, seria enviado outro consolador, quem chamou de Espírito da Verdade. “Se me amais, observareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito de Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós. (João, 14:15-18).
Em O evangelho segundo o espiritismo, Allan Kardec considera que o espiritismo vinha no tempo previsto cumprir a promessa do Cristo. “Ele chama os homens à observância da lei: ensina todas as coisas fazendo compreender o que o Cristo só disse por parábolas. Disse o Cristo: ‘Ouçam os que têm ouvidos para ouvir’. O espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores”.
Alertava Kardec ainda que não bastaria relembrar os ensinamentos de Jesus, mas era preciso que a humanidade os entendesse, “sem as limitações da linguagem literal ou simbólica, comum dos textos evangélicos”. E explicou que era o espiritismo o Consolador Prometido porque revivia as lições como Jesus ensinou, sem de dogmas e em espírito e verdade.