Os fenômenos extraordinários de Eusapia Palladino

Por Izabel Vitusso

Eusapia, aos 41 anos, ao lado do filósofo e economista Henry Sidgwick, em Cambridge

Eusapia, aos 41 anos, ao lado do filósofo e economista Henry Sidgwick, em Cambridge

Na infância, recebeu poucos cuidados e praticamente nenhum acolhimento. Maltratada pela avó e abandonada nas ruas, chegou a procurar, no começo da adolescência, uma família conhecida de seus pais. Lá, foi abrigada, enquanto aguardavam a sua internação em um convento. 

Desabrochar da mediunidade 

Mas, tendo notícias sobre os experimentos que algumas pessoas estavam fazendo com as mesas girantes, a temporária ‘família’ de Eusapia, por divertimento, se pôs a realizar 

sessões de fenômenos em casa, sem conseguir qualquer êxito. E eis que lembraram de chamar a jovem hóspede. 

Fazendo parte da roda em torno da mesa, como médium de rara capacidade, Eusapia deu condições para que ela começasse a levitar, saindo do chão. Não só isso. Intenso fenômeno começou a rodopiar cadeiras, chocar copos no ar, trazendo uma nova realidade, que mudaria sua vida, que não seria num convento. 

A partir daquele momento, amparada pelo professor Ercole Chiaia e o professor 

Damiani, Eusapia Palladino, iletrada e de modestíssima condição social, iniciaria a sua educação mediúnica. 

E foi o professor Chiaia quem primeiro a apresentou ao mundo científico europeu, através de uma carta publicada no Jornal de Roma, em 1888, dirigida ao renomado pesquisador Cesare Lombroso. Nela, ele expõe suas experiências e convida-o a investigar o que ocorria em torno da médium. Mas o convite foi aceito apenas três anos depois. 

Pesquisa do meio científico 

Ao comprovar a veracidade dos fenômenos, Cesare Lombroso escreveu: “Estou confuso e lamento haver combatido com tanta persistência a possibilidade dos fatos chamados espíritas”. 

Esta nova posição do professor sobre a realidade que invadia o universo da ciência levou muitos pesquisadores de renome a investigar os fenômenos através da médium italiana, dentre eles Charles Richet, Alexandre Aksakof, Dunglas Home, Ernesto Bozzano, Oliver Lodge, Albert De Rochas, Victorien Sardou, Gabriel Dellane, Camille Flammarion e muitos outros. 

Por anos, Eusapia submeteu-se aos mais rigorosos exames para provar a legitimidade de sua capacidade mediúnica. 

A diversidade mediúnica 

Além de levitação e deslocamento de 

objetos, instrumentos musicais tocavam sem a sua aproximação, vento e frio repentinos mudavam a temperatura do ambiente, sons de vozes ecoavam pelos ares, escritas diretas apareciam sem a ação da mão da médium. Na sala, também surgiam objetos transportados de longe: como flores, moe- das e pedras. 

Eusapia também fazia leitura de pensa- mento, tinha visão à distância e no escuro absoluto, além da compreensão de idiomas desconhecidos para ela. Sua influência alcançava eletroscópio, que mesmo à distância se descarregava. 

Apesar disso, Eusapia nunca deixou-se levar pela vaidade. Era extremamente franca e muito generosa. Tinha o prazer de ajudar e de agradar. 

Ela desencarnou em 1918, aos 64 anos, depois de quase 50 anos à disposição dos pesquisadores. Sua dedicação, juntamente com o apoio incondicional do professor Chiaia, criaram condições para que a pesquisa e o estudo sistemático dos poderes psíquicos dessem um grande salto no conhecimento científico nesse setor. O reconhecimento sobre a mediunidade, a imortalidade do espírito e a possibilidade da comunicação entre vivos e mortos ganharam um novo capítulo na história, depois de Eusapia Palladino. 

Bibliografia: Eusapia, A “feiticeira”. L. Palhano Jr, Celd.

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