Música do além

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Era noite. O renomado literato Goethe agonizava. À sua volta, a tristeza era notável: vozes sussurradas, passos abafados, lágrimas mal contidas ante a expectativa do desenlace. Às 22 horas ele piorou, aumentando a apreensão dos parentes e amigos. Chega então à sua casa para visitá-lo a Condessa V, que foi logo repreendendo os criados, por deixarem que alguém ali executasse música, quando Goethe, o seu grande amigo, estava morrendo.

"A música não estava sendo produzida na casa e já haviam ido pedir silêncio aos vizinhos."

Porém, disseram que a música não estava sendo produzida na casa e que já haviam ido pedir silêncio aos vizinhos. Estes também se apresentavam tristes e garantiram que, tendo conhecimento da agonia do poeta, jamais iriam fazer música numa hora tão difícil. E depois, os sons ressoavam mesmo na casa do enfermo, ora no jardim, ora em seu interior.

Curioso é que, embora todos os ouvissem, uns percebiam sons de piano; outros de órgão; outros ainda ouviam um coral de vozes belíssimas ou então acordes de um quarteto de cordas. O próprio médico que fora chamado interrompeu o boletim que assinava para perguntar se era um concerto o que se ouvia ali.

À meia-noite, Goethe faleceu. Aí o estranho concerto também se extinguiu.

Fonte: Fenômenos psíquicos no momento da morte, Ernesto Bozzano, FEB. Publicado no jornal Correio Fraterno em fevereiro de 1992.