Espíritos: eles sempre à nossa volta

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Por Izabel Vitusso

Para dar exemplos de médiuns que possuem ampla capacidade de vidência, com facilidade para enxergar os espíritos que estão no ambiente, Allan Kardec narra no O livro dos médiuns, cap. 141 o que um vidente presencia, ao assistir a uma representação da ópera Oberon, do antigo compositor alemão Carl Weber.  

O médium descreve que nos assentos vagos espíritos se acomodavam aguardando o espetáculo e que alguns deles se aproximavam dos espectadores, com objetivo de ouvir-lhes as conversações.

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Ele conta que, ao iniciar a peça, por detrás dos atores, via espíritos se divertiam em arremedá-los, imitando os gestos de modo grotesco, enquanto outros pareciam inspirar os cantores, fazendo esforços para eles se tornarem mais vibrantes. 

O médium observou ainda que próximo de uma das cantoras um espírito se conservava extremamente atento, fazendo-o duvidar de suas intenções. Curioso, o médium o evocou para conversar no primeiro intervalo da peça.

O espírito o repreendeu por seu julgamento equivocado. Disse ser o guia espiritual da artista e, depois de conversarem, despediu-se, justificando ter que cuidar de sua pupila em seu camarim.

Na sequência, o médium vidente evoca o autor da ópera, Carl Weber,  e lhe pergunta sobre a avaliação que fazia da apresentação da sua obra.

“Não de todo má — diz ele —; porém, frouxa; os atores cantam, eis tudo. Não há inspiração.”

Weber avisa que irá tentar dar um pouco do ‘fogo sagrado’ a eles. E então vê-se pairando sobre o palco como um eflúvio se derramando sobre os intérpretes, trazendo grande vigor ao espetáculo. 

Ainda neste capítulo, abordando a questão da influência dos espíritos em nossas vidas, Kardec traz outro fato, onde um médium vidente observa um espírito, dado à diversões levianas, entre os espectadores de um espetáculo.

Em conversa, ele ouve do espírito brincalhão:

 “Vês aquelas duas damas sós, naquele camarote da primeira ordem? Pois bem, estou esforçando-me por fazer que deixem a sala.” 

O médium então viu o espírito já no camarote, como a falar com as duas. De atentas que estavam à peça, de imediato, as duas se entreolharam e se levantaram, deixando o local. 

“O Espírito nos fez então um gesto cômico, querendo significar que cumprira o que dissera. Não o tornamos a ver, para pedir-lhe explicações mais amplas. É assim que muitas vezes fomos testemunhas do papel que os Espíritos desempenham entre os vivos. Observamo-los em diversos lugares de reunião, em bailes, concertos, sermões, funerais, casamentos etc., e por toda parte os encontramos atiçando paixões más, soprando discórdias, provocando rixas e rejubilando-se com suas proezas.”

O médium comenta que outros espíritos, ao contrário, combatiam essas influências perniciosas, porém raramente eram atendidos.

  1. Allan Kardec, capítulo 14, itens 169 e 170, FEB.