Adeus, papai…
Alexandre Dumas, o reconhecido romancista francês, tinha três anos e meio quando viveu a instigante experiência:
Eram quase 8 horas da noite. O menino Dumas foi posto no seu pequeno leito por sua prima Mariana. À frente estava a cama dela, no mesmo aposento. Ele dormiu, sereno... À meia-noite, violento golpe desfechado na porta despertou ambos. Apavorada, Mariana ergueu-se na cama, mas ficou em silêncio. O fato lhe pareceu muito estranho, pois duas portas precedentes àquela eram fechadas à chave. Como poderiam ter batido ali, então?...
Dumas, porém, não teve dúvida. Desceu da cama e caminhou para a porta. Mariana, assustada, grita:
– Aonde vais, Alexandre, aonde vais? – Estás vendo, vou abrir para papai, que nos vem dizer adeus – explica o menino. Mariana salta da cama e o agarra. Recoloca-o à força no pequeno leito. Mas ele, inconformado, se debate entre os braços dela e a plenos pulmões repete:
– Adeus, papai, adeus, papai. Algo então, como uma brisa, toca-lhe o rosto. Ele se acalma e adormece, apesar das lágrimas nos olhos e o insistente soluço na garganta. Seu pai morreu exatamente na mesma hora em que a violenta pancada foi ouvida naquela porta. Ao raiar o dia seguinte, alguém, piedosamente, lhe transmitiu a triste e inesquecível notícia: “Meu pobre filho, teu pai, que tanto te amava, morreu”.
Fonte: Hipnotismo e espiritismo. César Lombroso, Lake. Publicado no Correio Fraterno em junho de 1989.