A arte imita a outra vida

Por Mariana Sartor

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“Ninguém cria sem ver, ouvir ou sentir, e os artistas de superior mentalidade costumam ver, ouvir e sentir as realizações mais altas do caminho de Deus”- Alfredo

“Nem todos os quadros, como nem todas as grandes composições artísticas são originárias da Terra”. Com essas palavras, o amigo espiritual Alfredo explicou a André Luiz, em um dos postos de socorro de Campo da Paz, os segredos da inspiração humana, respondendo à reação do médium ao se deparar com uma tela idêntica a “O martírio de São Dinis”, pintado por Bonnat na parede do Panteão, na França.

Ao que André Luiz disse ser uma cópia de um trabalho do pintor francês, Alfredo replicou, dizendo que “nem todas as grandes composições artísticas são originariamente da Terra... Esta tela magnífica foi idealizada e executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual muito ligada à França, em fins do século passado.”

Léon Joseph Florentin Bonnat, pintor acadêmico classicista, nasceu em Bayonne no dia 20 de junho de 1833. Sua trajetória contou com influências de grandes nomes da arte europeia, como Diego Velázquez e Frederico Madrazo. Em 1869, ganhou a medalha de honra de Paris, tornando-se um dos artistas mais conceituados do seu tempo. Foi professor de pintura na Escola de Belas-Artes de Paris, tornando-se diretor em 1905, sucedendo a Paul Dubois. Dentre os alunos a quem influenciou fortemente estão Thomas Eakins, Gustave Caillebotte e Henri de Toulouse-Lautrec.

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Apesar da fama de suas telas de motivos religiosos, como “O martírio de São Dinis”, as obras que o caracterizam são seus cerca de 200 retratos ultra-realistas, que incluem personalidades como, Adolphe Thiers, Victor Hugo, Hippolyte Taine e Louis Pasteur.

Bonnat era dotado de aguçada espiritualidade e sensibilidade artística, o que se percebe em todas as suas obras. Aproveitou-se de diversas noites de sono para reproduzir, na Terra, a obra em que se inspirara no além, uma vez que o ser humano se desliga ostensivamente de seu corpo físico, entrando em franca comunicação com o Plano Maior, de lá extraindo elementos preciosos para a concretização de determinados objetivos na Terra. Após esses momentos, poderá, então, ao despertar, lançar ideias inovadoras capazes de levar o progresso aos diversos setores da sociedade planetária. Assim se fará, inclusive, no tocante às manifestações artísticas.

Assim, temos a história real da tela “O martírio de São Dinis” contada por Alfredo: “embora estivesse retido no círculo carnal, o grande pintor de Bayonne visitou essa colônia em noite de excelsa inspiração, que ele, humanamente, poderia classificar de maravilhoso sonho. Desde o minuto em que viu a tela, Florentino Bonnat não descansou enquanto não a reproduziu, palidamente, em desenho que ficou célebre no mundo inteiro”. 

Bibliografia: 

Allan Kardec. O livro dos espíritos, cap. 8, q. 400 a 412. André Luiz/Chico Xavier. Os mensageiros, cap.16.André Luiz/Chico Xavier.  Libertação, p.80.

Quem foi São Dinis?

São Dinis foi eleito Papa no ano 259. Coube a ele a missão de reorganizar a Igreja Romana em meio a graves desordens e em um momento em que os bárbaros se acercavam das portas do Império Romano. Reorganizou as paróquias romanas e enviou grande quantidade de dinheiro aos cristãos da Capadócia, para reequilibrar suas comunidades e restaurar os templos que haviam sido devastados pelos persas. Estabeleceu a paz com o Imperador Galieno, e obteve deste a liberdade para os cristãos, com a publicação de um editto di tolleranza por parte do governo. Foi o primeiro papa a não ser indicado claramente como mártir, contrapondo o tema da famosa tela em questão “Martírio de São Dinis”. 

(Publicado no Jornal Correio Fraterno - Edição 419)


 

 

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