Um pouco de alívio para uma grande dor

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O uruguaio Leo Percovich, técnico do Fluminense, retomou seu trabalho no campeonato Sub-20 no último 23 de janeiro, pouco mais de um mês após o trágico acidente automobilístico que ele sofreu com sua família no dia 17 de dezembro, numa estrada de Minas Gerais, onde acabou por perder suas duas filhas. Sua esposa e filho precisarão de cuidados especiais nos próximos meses e estão de cadeiras de rodas. Leo também teve fraturas nas costelas e lesões no pulmão e na clavícula.
Nem é preciso dizer que seu sofrimento tem sido enorme, como cita a reportagem do jornal O Globo de 23 de janeiro. Mas o esportista tenta se desafiar para ser melhor todos os dias. "À medida que vou me reestruturando e reorganizando, vou voltando a ser um treinador melhor e estarei em harmonia com meu trabalho", desabafa.
Percovich reconhece sua grande dificuldade em assimilar tudo o que está passando e diz que tem encontrado no espiritismo algum conforto e respostas para o seu sofrimento:
"A ida das minhas filhas terá sido em vão se eu continuar sofrendo. E meu filho merece ser feliz. Apesar de me sentir vazio, procuro me encher outra vez daquela alegria e de amor e passar tudo para eles. Estou dando tudo o que tenho, mas sentindo que ainda é pouco."
Percovich explica que através do espiritismo começa a entender que existe uma conexão, um porquê e um quando. Ele estava morando na Inglaterra, percorrendo o mundo inteiro, e se pergunta agora o que teria vindo fazer aqui.
"A gente se refugia nisso porque dá paz. Não acaba com a dor. Mas aprendemos a não viver com sofrimento, que é diferente. Você a coloca de lado, ajeita. Já o sofrimento mata. Mas aí vão passando os dias e você começa a ter uma dimensão maior. Tenho que entender que nada disso foi em vão".
Além do espiritismo, Abel Braga, treinador do Fluminense, que também perdera um filho num acidente doméstico em julho passado, ligou para consolar o amigo de profissão, aconselhando: "Pega sua esposa, seus amigos e sua família e se dedica ao trabalho para você se manter forte. Porque a dor não vai passar".
"Eu entendo a dimensão do que ele passou. E ele sabia onde eu estava metido", conclui Percovich.

(Artigo original publicado no Jornal Correio Fraterno)