Eu sou aquele bebê
Por Redação
João e Maria eram casados há dois anos. A felicidade havia batido à sua porta. Maria estava grávida e ambos estavam exultantes. Procuraram o médico obstetra para as orientações iniciais. Ao longo dos meses, no entanto, foram surpreendidos com a triste notícia de que o bebê se desenvolvia com má-formação cerebral, que impossibilitaria sua sobrevivência após o parto. Ao ser informado sobre a realidade do futuro tão incerto, o casal viu cair por terra os sonhos tecidos junto à linda criança. Mas caíram em prantos mesmo quando ouviram do profissional a proposta sobre a possibilidade do abortamento, posicionando-se contrários e ponderando com o médico:
– Nós estaremos com nosso filho até quando nos for permitido.
– Mas, esta criatura não vai viver além de alguns dias ou semanas na incubadora – argumentou o profissional.
– Estamos cientes, mas, até lá, seremos seus pais.
Seguiram os dois guardando secretamente a esperança de que pudesse ter algum equívoco de diagnóstico e que a vida pudesse lhes proporcionar um filho saudável. Durante nove meses o casal permaneceu em pensamento de acolhimento, de carinho e conversas dirigidas ao bebê que no ventre se desenvolvia.
Ao realizarem o Evangelho no Lar, os dois não se esqueciam de pedir a proteção e o amparo àquele filho que reencarnava.
Finalmente, Maria adentra a maternidade, com um misto de esperança e de angústia. Nasce o bebê, que sobrevive e permanece na incubadora durante três dias, retornando ao plano espiritual.
Passados dois anos, trabalhando na reunião mediúnica no centro em sua cidade, João e Maria ouvem quando através da médium um espírito, como criança, se comunica:
– Eu me chamo Shirley. Venho abraçar papai e mamãe. Quero agradecer todo o amor que me dedicaram. Eu sou aquele bebê. Fui durante nove meses envolvida em muita luz. Eu tive permissão para trazer esta mensagem pelo alcance que ela poderá ter para outras pessoas. Eu tinha meu corpo espiritual muito doente, deformado pelo meu passado cheio de equívocos. Os diálogos que meus pais tiveram comigo foram uma intensa educação, que ajudaram em meu tratamento. Eu expiei. Expiar é como expirar, colocar para fora o que não é bom. Eu drenei as minhas deformidades para meu corpo físico e fui me libertando delas. Como meus pais foram generosos! Meu amor por eles será eterno.
– Por que está na forma de uma criança, já que você se expressa tão bem?
– Porque estou em preparo para o retorno.
– Meus pais têm o merecimento de saber. Devo renascer como filha novamente, saudável talvez no próximo ano.
Passados dois anos, Shirley renasceu e hoje é uma linda menina, um espírito suave e encantador.
Baseado no livro Gestação, sublime intercâmbio, de Ricardo Di Bernardi, ed. Intelítera.