Uma medida de nossas reencarnações na Terra

Por Ademir Xavier

A revelação da pluralidade de existências é tão extraordinária quanto a ‘pluralidade dos mundos habitados’. A resposta das questões 173 a e b de O livro dos espíritos declara que podemos viver muitas vezes na Terra, princípio que remodelará as relações sociais quando for apreciado de forma justa pela sociedade, que ainda não incorporou a realidade da vida maior.

A reencarnação guarda uma relação com a demografia, ciência que estuda a evolução quantitativa das populações, por causa da dependência material de uma nova existência com condições de vida e taxa de natalidade. 

Estudar o número de pessoas que viveram em certo lugar na Terra (ou em todo o globo) é um dos objetos de estudo da demografia. Em recente artigo, os demógrafos Toshiko Taneda e Carl Haub¹ contabilizaram o total de indivíduos que a Terra já abrigou em sua história: aproximadamente 117 bilhões de pessoas até 2022. Para isso, diversas hipóteses foram usadas para se saber a população antiga do planeta². São estimativas que envolvem as taxas de natalidade que ocorreram desde 200 mil anos a. C. até o presente, considerando os nascimentos sem descontar o total estimado de desencarnações. 

Acredita-se que a população da Terra na Antiguidade tenha sido muito menor do que a atual. O mundo somente ultrapassaria um bilhão de encarnados por volta do ano de 1800. 

Estima-se que a população infantil tenha sido muito grande no passado, por ser alta a taxa de natalidade (mais de 80 nascimentos/1.000 habitantes, frente a 17 nascimentos/1.000 habitantes hoje), mas a expectativa de vida não chegava aos 15 anos de idade. Com isso, a população capaz de produzir descendentes era pequena e a taxa de crescimento populacional muito baixa. 

Ainda no campo da estimativa, podemos dizer que a população presentemente encarnada (7,9 bilhões de pessoas) representa 6,8% do total das encarnações que já ocorreram na Terra, considerando o número de 117 bilhões de ‘reencarnações válidas’ de espíritos que teriam vivido no mínimo até pouco antes da idade fértil. Assim, em um cálculo interessante, poderíamos estimar ‘grosseiramente’ que cada espírito encarnado hoje na Terra já teria nascido 15 vezes neste orbe. 

É óbvio que o cálculo é aproximado, uma vez que há incertezas quanto à população antiga, à taxa de natalidade, à expectativa de vida, ao número total de espíritos ‘nas cercanias do orbe’ e quanto ao fluxo de correntes migratórias entre outros mundos e a Terra, como explica a questão 172 da obra citada. 

O resultado obtido de 15 reencarnações na Terra talvez represente uma boa estimativa para o número mínimo de existência terrena desde 200 mil a. C. A frequência de reencarnações provavelmente aumentou com o crescimento populacional, afinal foi mais viável viver na Terra quando melhores condições de vida apareceram. 

Dessa forma, a maior parte dos espíritos tiveram suas reencarnações concentradas provavelmente nos últimos milênios, o que não significa concluir que a maior parte dos espíritos encarnados hoje estejam em sua primeira encarnação na Terra. 

Com base no valor de Kaneda e Haub, há uma chance grande de que cada um desses quase 8 bilhões de encarnados tenha vivido na Terra mais de uma vez, não obstante  a possibilidade de migrações entre os mundos.


Referências

¹ T. Kaneda e C. Haub (2022). How Many People Have Ever Lived on Earth? Link: https://www.prb.org/articles/how-many-people-have-ever-lived-on-earth/ 

² A. Xavier (2023). Quantos espíritos já reencarnaram na Terra? Link: https://eradoespirito.blogspot.com/2023/12/quantos-espiritos-ja-reencarnaram-na.html


*Físico, mestre e doutor em física pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, Ademir Xavier é servidor público federal em autarquia vinculada ao Ministério de Ciências, Tecnologia e Inovações do Governo Federal.