Espíritos revelam histórias milenares em reuniões mediúnicas
Por Rita Foelker*
Somos seres imortais. Se a vida do corpo tem início, meio e fim, a vida do espírito se desdobra numa jornada de crescimento intelecto-moral que não se encerra no túmulo, mas perdura num outro plano, onde podemos avaliar o progresso realizado durante a existência terrestre e traçar rotas para aprendizados futuros.
Passamos por inúmeras reencarnações. Cada experiência na matéria, sendo oportunidade de adquirir conhecimentos e desenvolver sentimentos gradativamente mais elevados, também retrata nossos sucessos e nossas falhas perante a Lei Suprema, resumida nos princípios do Amor, da Justiça e da Caridade.
Se houvermos utilizado a oportunidade da encarnação para exercitar bons sentimentos, a bondade e o respeito por nós mesmos e por todos os seres, esse estado de harmonia com o Universo nos proporciona bem-estar que resulta em paz e alegria na vida espiritual. Se, contudo, houvermos dado vazão ao egoísmo e à vaidade, se houvermos espalhado a discórdia, prejudicado nosso semelhante e vivido em função de interesses materiais e imediatistas, experimentamos grande sofrimento íntimo.
Também, se nos sentimos injustiçados, se acreditamos ter contas a acertar com quem nos prejudicou na Terra, carregamos dor e revolta no “além”. Os conflitos e inquietações relacionados ao ódio, inveja e outras emoções geradoras de desequilíbrio, não cessam com a morte física. A recordação de eventos críticos, a sensação de haver sido enganada e ferida em seus sentimentos e dignidade pode persistir por séculos na criatura que, estacionada na contextura emocional daquele momento, reclama reparação, exige que aqueles que ela considera os “culpados” paguem por seus erros.
O panorama de tais situações se descortina nas reuniões mediúnicas, que são oportunidades em que os encarnados se predispõem a contatar os espíritos, sempre com finalidades úteis e instrutivas, se forem pautadas nas orientações deixadas por Allan Kardec.
Entre as várias modalidades de reuniões e grupos, alguns se constituem com o propósito de atender aos espíritos em sofrimento emocional ou moral, abrindo espaço para ouvi-los e ajudá-los com vibrações fraternas e palavras que toquem seu coração, levem-nos a refletir e a mudar de objetivos. Muitos deles desenvolvem perseguições mais ou menos duradouras aos encarnados a que consideram seus ‘devedores’, podendo sua ação causar-lhes diversos problemas físicos, emocionais e mentais.
Algumas pessoas com sintomas orgânicos cujas causas a medicina terrestre não detecta, e outras com distúrbios mentais e/ou psicológicos diversos, recebem a indicação de procurar grupos que realizam o trabalho de acolher, orientar e – quando possível – libertar as entidades perseguidoras de suas fixações psicológicas, convidando-as a trilhar a jornada do perdão e da autotransformação em novos valores de vida.
Tais entidades são comumente chamadas de ‘obsessores’.
Embora muitos quadros obsessivos se devam à ação de espíritos que desejariam ajudar o encarnado, mas que acabam por prejudicá-lo com sua presença, outros trazem raízes num passado milenar de ódios e ressentimentos, cobranças e retaliações. Seja qual for a motivação, contudo, esses espíritos obsessores são, antes de tudo, “gente como a gente” – conforme escreve o próprio Herminio C. Miranda em As duas faces da vida (Editora Lachâtre): “gente que sofre e que, portanto, precisa de compreensão e paciência. São pessoas em conflito consigo mesmas e, portanto, com os outros, com o mundo, com a vida, com Deus e com o próprio amor”.
Herminio é um autor espírita com vasta experiência em conversar e ajudar desencarnados nessas condições, o que se patenteia nas muitas obras que escreveu abordando esse assunto, desde seu livro Diálogo com as sombras, lançado pela Editora feb no ano de 1976, e que já conta mais de 175 mil exemplares vendidos, passando pela série “Histórias que os espíritos contaram”, que foram reunidas na coleção de mesmo nome publicada pela editora Correio Fraterno.
*Rita Foelker é escritora, expositora espírita e bacharel em filosofia
A coleção inclui os seguintes títulos A dama da noite, O exilado, A irmã do Vizir e As mãos da minha irmã