As histórias que Herminio Miranda nos deixou
Por Redação
Um dos grandes nomes da literatura espírita, Herminio C. Miranda investiu grande parte de seu tempo para registrar em livros a sua vasta experiência através dos diálogos que manteve com os espíritos, participando por décadas de reuniões mediúnicas, com sua admirável capacidade de bem conduzir o socorro às entidades levadas para atendimento, muitas delas em fuga, por séculos, do fatídico momento de se verem frente a frente com suas consciências.
Ao apresentar uma dessas obras, As mãos de minha irmã, Herminio assim explica:
“As histórias que compõem esta coletânea são reais. Não existe nelas um traço de fantasia, retoque ou embelezamento para abrandar-lhes o impacto ou adoçar-lhes o conteúdo. É como se fossem recortadas, com todas as agonias que isso implica, do tecido vivo das lembranças, num momento em que, por maior que seja o seu esforço inicial em negacear e até em trapacear, o espírito é impelido compulsivamente a dizer a verdade, por mais desagradável e difícil que lhe seja. Essa hora da verdade, ponto em que termina a fuga e começa a longa caminhada de volta à sanidade espiritual, é alcançada pelo processo delicado da regressão de memória. Perdido nas sombras de seus desvarios, o espírito precisa descer ao porão tenebroso das suas memórias mais secretas para identificar a razão das suas angústias e enfrentar a realidade de seus fantasmas interiores, de seus remorsos, de seus crimes.
É um momento grave e solene que precisa ser vivido e presenciado com dignidade e respeito ao ser que ali está expondo suas feridas mais íntimas. É também um momento que exige incansável paciência, considerável tato, a dose certa de energia e, acima de tudo, uma comovida e terna capacidade de amar da parte daqueles que acompanham o doloroso processo de catarse.
É também, e finalmente, um momento de luminosas esperanças e, por tudo isso, da mais profunda religiosidade, porque ao entender-se com a sua consciência atormentada, o ser fala com o próprio Deus.”
“(...) Testemunharemos, assim, arrependimentos dolorosos, remorsos aflitivos, a sensação do tempo perdido, das oportunidades desperdiçadas, a agoniada contemplação da distância que, ao longo dos séculos, cresceu entre os que foram com o Cristo e os que ficaram contra ele. E as dores, as saudades, os amores que, inexplicavelmente para eles, resistiram a tudo em seus corações atormentados. Veremos devotamentos incansáveis, amores sublimados, reencontros emocionados que tiveram de aguardar milênios...
É por tudo isso que resolvi contar essas histórias que os espíritos nos contaram. São trágicas, é certo; são extremamente dolorosas, mas é das sombras dessas tragédias e dessas dores superlativas que emergem renovadas esperanças e que se revela, em toda a sua beleza, a maravilhosa perfeição das leis universais do Amor.”
Não há como ler e não se sensibilizar com tantas verdades, tantas lições que vão se apresentando em cada narrativa deste livro.
Uma excelente leitura!