Por trás da Universidade Stanford

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No século 19, um triste acontecimento marcou na vida do casal Leland e Jane Stanford, nos Estados Unidos. Mas seus desdobramentos renderam frutos, que até hoje beneficiam a comunidade americana e alunos do mundo o todo.

 

Conta-se que uma dama da alta sociedade costumava desfilar, em sua carruagem de luxo, pelas ruas de São Francisco, sob olhares de admiração e inveja.
Um dia, os jornais publicaram o falecimento de uma tia e ela, obedecendo às convenções sociais, precisaria guardar o luto.
Indignada por ter que ficar sete dias dentro do enorme palácio, a famosa dama buscou o marido, então governador do Estado, que a lembrou de ser uma excelente oportunidade de brincar com o filho.
Ela então adentrou a ala do palácio liberada para o pequeno príncipe, que vivia rodeado de profissionais de diversas nacionalidades, a fim de lhe ensinarem idiomas e costumes de outros povos.
Quando o pequeno Leland avistou a mãe, exultou de felicidade e lhe perguntou por que ela estava ali, naquele dia e hora não habituais.
Ela contou o motivo e ele, feliz, lhe perguntou quantas tias ainda restavam.
Leland estava ao piano, tocando uma balada que aprendera com sua babá francesa. A mãe, impressionada, ficou ouvindo por alguns instantes aquela música que lhe pareceu um tanto melancólica. O filho cantara e lhe traduzira.
Era a história de um menino conduzido por sua mãe todos os dias até a praia, de onde olhavam o pai desaparecer na linha do horizonte, em seu barco pesqueiro, até um dia não retornar mais. A mãe conduziu o filho novamente à praia e pediu-lhe que ficasse esperando, pois iria buscar o marido. Adentrou o mar e o filho jamais vira a mãe retornar.
Os dois ficaram comovidos e o pequeno comentou que cantava porque se identificava com o menino da história.
– Mas você tem tudo, Leland. Não lhe falta nada! Tem mãe, tem um pai, que é um dos homens mais importantes deste estado, é governador. Você vai herdar tudo isso! – disse-lhe a mãe.
– O papai adentrou há muitos anos no mar dos negócios e nunca posso vê-lo. Você o seguiu e fiquei aqui, à espera de um retorno que nunca acontece – pontuou Leland.

Por algum tempo, a vida permitiu a eles desfrutar da alegria do afeto mútuo, um em companhia do outro. Até que fizeram uma longa viagem de navio, onde Leland adoeceu e não voltou mais.
Mas naquele breve tempo de convívio, o menino passara à mãe outros valores. Ela construiu orfanatos e outras obras de assistência para a comunidade carente.
O magnata e político Leland Stanford não herdou a fortuna dos pais, mas a riqueza rende frutos até hoje, junto à sociedade da Califórnia. Dentre eles, a Universidade Stanford.

Esta história, que sensibilizou Fabiano Possebon, de Ribeirão Preto, SP, foi narrada pelo orador Divaldo Pereira Franco em uma de suas conferências.

 

 Artigo original publicado no Jornal Correio Fraterno