Fui até lá em espírito
Por Redação
Era comum Eurípedes Barsanulfo entrar em transe mediúnico, no curso de uma aula. Quando voltava, explicava aos alunos o que de bom fizera naqueles instantes. Certa vez, após o transe, ele, sorrindo, argumentou:
– Prestem atenção. Acabo de estar em uma residência, atrás da igreja do Rosário, fazendo um parto difícil. O marido não sabe que já é pai e está a caminho daqui. Vem a cavalo e com roupa de montaria. Ele está, neste momento, apeando em frente o colégio. Vai agora subir os degraus da escada. Quando ele entrar na sala os senhores devem ficar em pé e depois sentar. Atenção, ele vai entrar...
E o homem com chapéu e roupa de montaria entrou muito aflito, pedindo a Eurípedes Barsanulfo que fosse urgentemente fazer o parto, pois a mulher estava passando muito mal.
– Acalme-se, respondeu o médium, sorrindo. Fiz o parto há cinco minutos.
– Não é possível, ‘seu’ Eurípedes. Há cinco minutos eu teria visto o senhor pelo caminho.
– O senhor não me viu porque fui em espírito. Mas, eu vi o senhor. Pode voltar para sua casa, sossegado. A menina que nasceu é bonita e forte.
O homem, porém, duvidou e, temendo pela vida da mulher, levou Eurípedes Barsanulfo de volta. Ao ver o médium, a esposa, com a filhinha deitada ao lado, exclamou:
– O senhor não precisava vir de novo, ‘seu’ Eurípedes... Eu e o bebê estamos passando bem!
Eurípedes Barsanulfo, então, regressou rapidamente ao colégio para continuar a aula interrompida.
Fonte: Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da caridade, ed. Correio Fraterno.