Experiências de Eduardo Monteiro na França

Monumento em homenagem a Allan Kardec, Cemitério Père-Lachaise, Paris, na França.

Por Izabel Vitusso

Em 2004, o conhecido historiador e escritor Eduardo Carvalho Monteiro (1950-2005) participou do Congresso Mundial Espírita em Paris quando comemoravam-se os 200 anos de Allan Kardec. No congresso, ele realizou palestra e também exposição de periódicos raros espíritas, levando a história do espiritismo e de seus expoentes.

O turismo do historiador pela França era sempre diferente. Conhecia todas as bibliotecas de Paris, deixando para depois os demais pontos turísticos da cidade.

Procurando entender a relação das pessoas com o espiritismo, ali, no país de Allan Kardec e da doutrina, Eduardo teve inúmeras experiências. Ele conta: 
A vida como a professora não conhecia

“Sentou-se ao meu lado, no metrô, uma moça. Era professora de línguas e tinha uma presença e elegância notáveis. Ela me contou que teve um irmão que havia morrido há oito anos. Ao saber que eu era espírita, me perguntou se eu achava que ele conseguiria se comunicar com ela.

“Desde que se tenha um médium, sim” – expliquei. É como a gente conversando agora! 

Ela disse: “Não me diga!”. 

Naquele momento, vi toda a imponência daquela mulher vir abaixo e as lágrimas descerem sem parar. 

Percebi que eles têm uma necessidade espiritual muito grande. Dado os costumes, a educação e a própria cultura, falta a eles o calor humano, tão característico do brasileiro. O sentido de família,  de entrosamento e de amizade são muito diferentes. São metódicos, criam pouca afetividade. 

O francês desconhecido

“O túmulo de Kardec é o mais visitado em Paris, no cemitério no Père-Lachaise. Gente do mundo todo vai visitá-lo. 

Certa vez fui lá.  Fiquei observando e acabei conversando com duas senhoras alemãs e perguntei-lhes se elas sabiam quem estava enterrado naquele túmulo que elas visitavam. Disseram que não.

 “É que todo mundo vem e nós viemos”– responderam. 

“A senhora não acha que deveria saber?” – argumentei.

Ambas concordaram que sim. 

Sugeri então que lessem O livro dos espíritos (The Spirits Books).

“Procurem saber quem ele é. Por trás deste túmulo tem um pensador grandioso da humanidade” – aconselhei. 

Pensei comigo o quanto seria importante que houvesse maior interesse na divulgação do espiritismo na Europa. Eles deveriam saber que um francês vende mais livros no Brasil que em todo o mundo. Mas eles não sabem quem é Allan Kardec, quem é Léon Denis – finalizou Eduardo.

Fonte: Entrevista de Eduardo Monteiro ao Correio Fraterno, edição 400, nov/ dez. de 2004.