És a minha avó?
Por Izabel Vitusso
Conhecida por sua capacidade mediúnica e por ter sido importante instrumento para os estudos da mediunidade, Elizabeth d’Espérance (1848-1919) foi desafiada e incompreendida desde muito pequena. No casarão inglês em que morava com os pais e irmãos, ela via constantemente os espíritos, embora não pudesse falar para ninguém, por que diziam que era louca.
Filha de comandante de navio, ela passava tempos sem o convívio com o pai, o que não interferia na grande afinidade entre ambos.
Foi através de uma amiga que já na idade adulta a médium recebeu o convite para participar de uma reunião com os fenômenos das mesas girantes. Mesmo argumentando sobre o absurdo de acreditarem que os espíritos poderiam falar através de objetos, ela acabou aceitando participar.
Desconfiada de tudo o que via e ouvia na sessão, a médium ansiava por respostas mais convincentes. Permitida sua participação nas perguntas ‘para a mesa’, ela indagou.
— Sabes onde se acha meu pai esta noite?
De acordo com o convencionado, a mesa se levantou por três vezes.
— Sim.
A pergunta se devia ao fato de seu pai ter viajado e não ter respondido às cartas enviadas, pedindo contato urgente, uma vez que sua esposa estava prestes a ser operada.
— Onde ele se acha, então? — continua Elizabeth a perguntar:
— Swensea – foi escrito.
— Queres dizer que ele está na cidade de Swensea, no país de Gales?
— Sim.
— Desde quando?
Dez pancadas indicaram dez dias.
— Impossível, isso não pode ser, pois sabemos que ele estava em Londres nestes últimos dias.
Mas a resposta se confirmou.
— O que está fazendo lá?
— Não sei.
— Mora em hotel?
— Não.
— Em casa de amigo?
— Não.
— Se não está num hotel nem em casa de algum amigo, não pode estar em Swansea – contesta Elizabeth.
Tentando ajudar no grande enigma, um dos participantes pergunta se estaria numa embarcação.
— Sim.
— Está a bordo de um navio?
— Sim.
— Que navio? Qual o nome dele?
— Lizzie Morton.
— Não faz sentido. Ele estava em Londres para concluir pequenos negócios.
— É um espírito que está fazendo a mesa falar?
— Sim.
— É espírito de um homem?
— Não.
— De uma mulher?
— Sim.
— Que nome teve?
— Mary E.
— És a minha avó?
— Sim.
Um turbilhão de pensamentos começou a agitar a mente da menina médium.
Sem saber o que falar à mãe, ao chegar em casa, Elizabeth foi logo avisada que a tão aguardada carta do pai chegara com a notícia de que estava em Sweasea.
Elizabeth então narrou para a mãe tudo o que se passara na reunião, e esta propôs que escrevessem imediatamente de volta a ele para confirmar as informações.
À chegada do pai na estação, Elizabeth ficou sabendo sobre os negócios que o levaram inesperadamente para outro lugar, e também seu pai logo soube do estado da saúde de sua esposa. Mas a resposta que ele mais queria saber mesmo era como ficaram sabendo que ele estava a bordo do navio Lizzie Morton.
Bibliografia
No país das sombras, E. D'Espérance, FEB.