O aviso sobre a minha gravidez

Por  Patrícia Carvalho

Dona Irene Carvalho, fundadora ao lado do marido, da Comunhão Espírita de Brasília, sempre foi uma médium de grandes potencialidades, através da intuição, na seara da vidência, da psicografia e da psicofonia.

Era uma pessoa divertidíssima, além de grande trabalhadora, reconhecida por Chico Xavier e por ele indicada às pessoas que buscavam por socorro mais próximas daquela região.

Certa vez, eu a ajudava a reunir anotações de suas memórias, porque ela tinha o intento de fazer um livro autobiográfico (que foi publicado depois, com o nome de Memórias de um tempo1).

Nesse esforço, eu digitava textos esparsos e ia ajudando-a a colocar suas anotações em ordem. Fazia isso em casa e periodicamente nos reuníamos na sala do Teatro Espírita de Brasília, dentro da Comunhão, para conversarmos. 

Num entardecer do ano de 2001, lá fui eu encontrá-la, com um calhamaço de folhas nos braços.

Eu estava bem cansada. Havia trabalhado muito, desde cedo, no meu emprego.

Quando cheguei à sala dela e entreguei suas anotações, bocejei. Foi o que faltou para dona Irene olhar para mim e dizer:

— Está grávida, não é, minha filha? E que linda que ela é! Uma grande amiga sua que está voltando.

Tomei um susto, pois, pelos controles terrenos, não podia, de forma alguma, supor-me grávida naquela ocasião.

Disse a ela que havia se enganado, que eu estava mesmo era cansada, pelo dia especialmente trabalhoso.

Dona Irene riu e, como não me tivesse ouvido, disse: 

— Já vai pensando no nome...

Saí de lá imaginando que minha amiga querida daquela vez havia se equivocado, para ter a certeza, semanas depois, que, apesar dos prognósticos terrenos apontarem para outra direção, eu estava, sim, gestante.

Mais alguns meses, e eu vim a saber que não só estava esperando um bebê, como também dona Irene havia acertado. Era uma menina que estava a caminho.

Hoje, décadas depois, olhando a minha filha, linda, como predisse dona Irene, lembro-me da querida amiga e de sua inesquecível capacidade de amar e servir, empregando o seu potencial como fonte de luz no caminho de tanta gente.

 

 1 Editora Otimismo, 2013.