Pomadas prescritas pelos espíritos

Por Izabel Vitusso

Na coleção da Revista Espírita, publicada por Allan Kardec entre 1858 e 1869, há pelo menos dois textos em que ele se refere a receitas ditadas pelos bons espíritos, no propósito de amenizar os sofrimentos físicos.

A edição de novembro de 1862 conta o caso do sr. Paquine, que estava com as pernas extremamente inchadas e cobertas por feridas, sem conseguir qualquer melhora com outro medicamento. Por esse motivo, ele resolveu buscar o auxílio de um senhor espírita, que o aconselhou a recorrer aos espíritos bons, com fervor.

Cerca de cinco noites depois de ter inicia­do suas preces, sr. Paquine viu em seu quarto um homem, todo de branco, que se dirigiu até o móvel, pegou nas mãos um pote de pomada para alívio das dores e lhe mostrou. Em seguida, fez o mesmo com outros ingredientes de uso na época, como extrato de saturno, essência de terebintina, até mesmo fumo, indicando-lhe que tudo deveria ser misturado, segundo a dosagem que ele orientava.

Fez alguns sinais que demonstravam amizade e desapareceu.

Manipulando a receita conforme as instruções do espírito, sr. Paquine passou a usar o unguento, permanecendo apenas com um inchaço no pé, que dias depois já não existia mais.

O caso da médium Ermance Dufaux

Em janeiro de 1863, Allan Kardec publica o fato narrado pela médium Ermance Dufaux, que o auxiliou no trabalho da codificação. Conta que um de seus parentes havia trazido da América uma receita de pomada de excelente eficácia para feridas, mas que ele havia morrido, sem que houvesse passado a fórmula a qualquer pessoa.

Ermance vinha sofrendo de um mal persistente também na perna, e cansada de tratar inutilmente o problema, perguntou ao seu espírito protetor se para ela não haveria cura possível.

 E ouviu:
“─ Sim. Serve-te da pomada de teu tio.
─ Mas vós sabeis que a receita se perdeu.
─ Eu vou te dar:

Açafrão (20 centigramas), Cominho (4 gramas) Cera amarela (31 a 32 gramas), Óleo de amêndoas doces (uma colher).”

O espírito passou o modo de preparo e de uso, recomendando antes lavar a ferida com água de malva ou outra loção refrescante.

Em pouco tempo de uso do medicamento, a perna da médium já estava cicatrizada e a pele restaurada.