Tem espíritos no banheiro?
Por Eliana Haddad
A obra de Tatiana Benites nasceu de um projeto ousado. É diferente em tudo: no título, no visual, na linguagem, na forma divertida e inteligente de comunicar temas nem tão simples, pinçados do grande universo espírita. Tem espíritos no banheiro? não é um livro dedicado a crianças, mas é justamente uma – bem sapeca, por sinal – que envolve toda a trama como personagem central. Seu nome: Laurinha.
Com deduções óbvias, peculiares de um mundo infantil e cheio de verdades atemporais, Laurinha se confunde e se supera a cada história. É ela quem pergunta, responde, argumenta e reflete sobre temas como psicografia, médiuns e passagens evangélicas, dentre outros temas, que vão recheando e conduzindo sua caminhada no aprendizado sobre a doutrina espírita.
Aos jovens,Tem espíritos no banheiro? vai fazer rir. Aos adultos, além de divertir, vai também provocar uma revisão de conceitos, pela quebra do paradigma da austeridade, convidando-os ao aprendizado com humor, num desafio de se buscar explicações simples para coisas que são analisadas quase sempre de forma complicada.
Tatiana Benites trabalha com crianças desde 15 anos de idade. E tem um contato de mão dupla com suas turmas de eduação espírita. Enquanto leva para as salas de aula a alegria, motivação e poder de comunicação, as crianças lhe devolvem um rico material de reflexão e inspiração para os questionamentos de sua personagem. A autora confessa que essa criança astuta, na verdade, já fazia parte da sua vida. “Todo mundo tem uma Laurinha dentro de si, que deseja fazer perguntas, muitas perguntas, se expor, criticar, e nem sempre tem coragem”, comenta.
Baseados nessa vivência com crianças e jovens, com seus comentários, dúvidas e questionamentos, nasceram há três anos os textos que fazem sucesso na seção “Coisas de Laurinha”, no jornal Correio Fraterno. Divertindo e informando os leitores, muitos centros os utilizam também como material de apoio nas aulas de educação espírita para crianças. Essas e outras histórias agora estão reunidas em livro, num projeto inovador que inaugura um jeito diferente de se falar em espiritismo de uma forma dinâmica e moderna. Afinal, tudo o que Laurinha diz se encaixa ‘como uma luva’ a todos os espíritos, que em constante processo evolutivo trazem ansiedades, dúvidas e alegrias, crianças de sempre que somos, de qualquer tempo e idade.
Já afirmaram os espíritos a Kardec que convicção não se impõe. E mais: que é preciso ensinar a exemplo de Jesus, pela doçura e persuasão, e não pela força. E é assim mesmo que Laurinha aprende, com a simplicidade natural que tenta desfazer as confusões em que se coloca, nas quais mergulha num processo genuíno de construção do seu aprendizado. Para ela, o espiritismo não é difícil. Nem pesa. É prazeroso, divertido, porque nele encontra uma fonte inesgotável de respostas para seus eternos questionamentos. Ela descobre a alegria do processo do conhecimento, aquele que só quem busca e participa pode ter. Tudo traduzido em ares de bom humor, sagacidade e singeleza, sem perder, entretanto, o principal: a seriedade intrínseca e indispensável do conteúdo.