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O processo, o novo romance de Rochester

Por Izabel Vitusso

Rochester em O processo, psicografado pela médium Arandi Gomes Teixeira, ultrapassa os bancos dos tribunais que dão início ao romance e surpreende com o jogo de luz e ação, no palco onde dezenas de personagens revelam o que são e o que os movem, numa intensa rede de emoções e sentimentos.

A cobiça e o amor doentio pela posse se contrapõem à leveza de personagens iluminados, como mademoiselle Madelaine, que entendem que há momentos em que a vida pede renúncia.
São eles verdadeiros exemplos, recursos transformadores para os que caminham próximos, mas ainda carregam o peso do apego aos bens tão efêmeros.

O estilo inconfundível e envolvente de Conde Rochester ganha neste romance um novo tempero. Personagens endurecidos sempre presentes em seus romances apresentam-se menos recalcitrantes diante da marcha evolutiva, evidenciando um olhar mais complacente do autor espiritual ao perscrutar a alma humana.

Aqui não faltam exemplos vivos dos benefícios do verdadeiro entendimento e do esforço pela transformação dos que ontem deslizaram em suas escolhas e ações e que finalmente passam a experimentar a força da influência positiva e do amor, como chuva emoliente a tocar as fibras temporariamente estéreis de seus corações, traçando caminhos emocionantes sob o comando da Grande Lei, que demonstra que há sempre tempo para retomar a trajetória da luz.

Feliz o autor que, ao efetivar este trabalho, possibilita através de sua leitura reavivarmos conceitos morais tão expressivos do Evangelho, não nos deixando a menor dúvida de que ainda que o abismo da corrupção tome conta dos corações, neles estará sempre latente o gérmen de bons sentimentos, aguardando o impulso da vontade que ilumina e direciona a essência espiritual ao Bem, porque Deus é realmente o Pai amorável, justo e bom.

Livres na condução dos nossos sonhos e desafios, embora a lei divina esteja escrita na nossa consciência, somente a experiência e o conhecimento nos possibilitarão reconhecer o momento certo da transformação moral. Mais cedo ou mais tarde, ela se fará presente.

 

A história


Na narrativa, o personagem principal, Juan Gadelha, não encontra justificativa para as acusações e os sofrimentos que lhe rasgam a alma. Apesar de tudo, não se queixa.

Qual o motivo de tanta resignação? Não sabe. Mas seu passado no século 18 na França, como Henry John Stanford, tem a resposta que no fundo hoje ele também pressente; marcas que ficaram de quando, egocêntrico e arrogante, chegou a Paris.
Com carroças abarrotadas de bens advindos de trapaças e golpes, Henry não tinha limites para satisfazer suas vontades.
Nem para apoderar-se de fortunas, ou mesmo para possuir a bela e comprometida Madelaine, por quem se apaixona.
Inimagináveis são os caminhos que ele percorre na trama de O processo, até se conscientizar de que a vida que concede direitos também cobra acertos.
Aquelas marcas não se apagariam de seu espírito facilmente.
Como Juan Gadelha, dará continuidade à sua grande transformação, numa trajetória emocionante sob o comando da Grande Lei, que demonstra sempre haver tempo para se retomar ao caminho da luz.