O Exilado - Do orgulho à consciência
Por Rita Foelker*
As potencialidades do Espírito desenvolvem-se no decorrer das muitas encarnações. O processo de maturação dessas potencialidades, contudo, não é uniforme, nem simultâneo. É fácil perceber isso na experiência cotidiana: ao observarmos um grupo de pessoas atuando num certo meio social, notamos que existem diferenças no desenvolvimento de suas habilidades, conhecimentos e virtudes. Algumas têm mais facilidade com as palavras, outras são boas com números, outras têm ainda uma grande capacidade de compreender e ajudar seus semelhantes.
Embora a ciência materialista se proponha a explicar isso utilizando a genética ou a influência do ambiente, as pesquisas espíritas iniciadas por Kardec apontam como uma forte razão para tal diversidade o fato de que cada qual já avançou em alguns aspectos intelectuais ou morais de sua caminhada, enquanto ainda precisa melhorar em outros.
Disse-nos o Espírito da Verdade: “Amai-vos, este é o primeiro mandamento; instruí-vos, este é o segundo.” Também segundo Emmanuel, pela mediunidade de Chico Xavier, duas asas conduzirão o espírito a Deus: uma é o amor, outra, a sabedoria. No início da trajetória, contudo, essas duas asas podem ser desiguais. O voo difícil de uma alma em desequilíbrio íntimo resume o relato do “exilado”, personagem real de um drama iniciado no sistema de Capela, que se desdobrou na Terra até dias muito próximos de nós.
Apegado ao conhecimento como um troféu, insiste em negar a importância do afeto e dos sentimentos. Desejando a grandeza exterior, esqueceu-se dos tesouros armazenados dentro do próprio coração. Entrincheirando-se na grande capacidade de argumentação, luta arduamente para manter sua posição e não se modificar.
O diálogo entre ele e o doutrinador se desenrola em vários encontros, naquilo que Herminio qualifica como um “intercâmbio afetivo”, para que o “exilado” tenha tempo de retornar ao passado, relembrar uma antiga afeição e enxergar novas possibilidades à sua frente. Afinal, como se lê no título de outro relato deste livro, a inteligência não cura. Como esta alma sofrida conseguirá abrir as portas de seu coração para a luz do amor?
Observamos nessa narrativa, ainda, como ocorre a ação conjunta do grupo encarnado e dos espíritos dirigentes do trabalho de esclarecimento ao irmão em sofrimento, e como sua interação se dá no intuito de despertá-lo para a realidade maior que desejaria evitar. Descubra os resultados fascinantes desses encontros, possíveis somente pela via da mediunidade, lendo O exilado, um dos doze casos instigantes narrados nesta obra.
*Rita Foelker escritora, expositora espírita e bacharel em filosofia.