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A quem se inicia na mediunidade

Por Izabel Vitusso*

O que não falta na doutrina espírita é ensejo para se estudar. Aliás, trata-se de uma das principais necessidades, não apenas para o candidato à mediunidade, mas para todos aqueles que se dizem espíritas.

E a mediunidade é um dos temas que despertam grande interesse para o estudo dentro da casa espírita, talvez por ser em torno dele que girem as principais dúvidas dos que chegam em busca de socorro, quase sempre com distúrbios psíquicos, embora nem todos de origem mediúnica. Muitas vezes, trata-se apenas de desarmonia mental, e reajustada a mente, a faculdade que parecia despontar não mais se evidencia.

Os recursos terapêuticos dos passes, da água fluidificada e o acesso às ondas magnéticas mais elevadas que as palestras proporcionam a quem a assiste, dão conta, via de regra, de rápida recuperação de quem se submete ao tratamento na casa espírita.

E feliz daqueles que aos primeiros sinais de melhora perseveram, procurando se integrar nos estudos e nas tarefas de assistência. É a laborterapia. Chico sempre dizia que toda pessoa triste deve ser motivada para as pequenas tarefas. “Não podemos ficar tristes com os nossos problemas... Somos filhos de Deus e estamos melhorando. Às vezes a alegria que está nos faltando é justamente a alegria que devemos aos outros. Vamos nos aceitar como somos e prosseguir com muita fé.”

O  esforço para verdadeiramente nos conhecermos e conseguirmos o aprimoramento interior é exercício  constante, sem o qual a paz interior se torna quase sempre distante.

Para aqueles cujas  características da existência da mediunidade se evidenciam, um longo campo de preparação se inicia, tendo o estudo como base preponderante. A assistência do plano maior é tão sábia que é justamente como forma de precaver o candidato sobre a necessidade de domar o orgulho, burilar sentimentos e também para testar sua perseverança  que, via de regra,  a dor é quem vem dar as boas-vindas e abrir as portas para o trabalho.

Também para precaver o futuro trabalhador  sobre o possível engano de se achar um escolhido  de Deus, quase sempre os primeiros contatos mediúnicos se fazem por meio de relações estabelecidas com espíritos de pouca evolução, ainda com densos fluidos materializados, que caracterizam muitas vezes os desajustes da fase preparatória da mediunidade.

Em “No Invisível”, Léon Denis descreve no capítulo sobre educação e função dos médiuns, que só depois de reunidas as condições positivas no médium, boa vontade, persistência, fé, vontade firme de ser útil, é que começa, muitas vezes sem o médium saber, um demorado trabalho de adaptação dos seus fluidos aos dos espíritos. À medida que se estabelece a harmonia das vibrações, a comunicação se acentua sob formas apropriadas  a cada médium.

Lembra também que a boa mediunidade se forma lentamente, no estudo calmo, silencioso, recolhido, longe dos prazeres mundanos e do tumulto das paixões e que muitas decepções seriam evitadas se o médium compreendesse  que a mediunidade percorre fases sucessivas no seu desenvolvimento.

Buscando o estudo e o comportamento congruentes com Kardec, não há por que o candidato se escusar da tarefa ou temer, pois  estará sempre sob a proteção espiritual. Porém, para atender ao chamado de socorro, os espíritos protetores  esperam do médium a contrapartida da vontade firme, perseverança e humildade.

Receberá também como recomendação o não esquecimento do “orai e vigiai”,  para se precaver contra as ciladas do orgulho, que sempre o pasto que alimenta as forças inferiores, que espreitam as oportunidades de interromperem as ações do bem. 

Não são raras as notícias de bons médiuns cujos trabalhos acabaram se distanciando da obras eminentemente espíritas. Yvonne Pereira, em seu livro “Devassando o Invisível”, traz um capítulo que narra sobre o beletrista, muitíssimo recomendado para quem desenvolve trabalho na psicografia, e que ilustra a aproximação de entidade que desejava ardentemente ditar uma obra para a médium, que embora se enquadrasse como obra mediúnica, jamais seria de cunho espírita, pela banalidade do assunto tratado.  Chama também a atenção a respeito do livre-arbítrio do médium diante de suas escolhas.

Recomendações e estudos não faltam para que o médium principiante se conscientize de que a mediunidade é um dos mais ricos convites que Deus estende a seu favor e de que todo trabalho, quando é feito com um significado interior, permanece muito longe de ser considerado um sacrifício.  Todo aquele que descobre o prazer da doação se sente muito mais feliz!