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A política divina

Por Umberto Fabbri*

A palavra política tem origem no termo grego politiké, que resulta de duas palavras gregas: polis – cidade, e tikos – bem comum, ou seja, a política em sua origem define o governo da cidade visando o bem de todos, o bem comum. Mas também pode se aplicar a compatibilizar interesses, negociar.

No livro Vinha de luz lição 59, encontramos uma mensagem de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, que elucida sobre a forma correta da aplicação desta atividade de bem gerenciar a base em que realmente fundamenta o termo “bem de todos”. 

Dentro do processo de crescimento espiritual, são muitas as falhas, que nós, espíritos, apresentamos na administração de nossas vidas de uma forma geral. Todavia, parece reconfortador enxergarmos mais o erro alheio do que nossa própria responsabilidade e participação no todo. É mais fácil culpar o outro ou esperar do outro a solução de nossas dificuldades.

É certo que o corpo da sociedade se forma a partir de várias pequenas células, a família, que se agrupa a partir de outra partícula ainda menor, que é a individualidade do ser, e vale aqui refletir a importância dos valores que norteiam nossa participação no mundo, tanto físico, quanto espiritual.

Usando de estudos no campo da psicologia e psicanálise, verificamos que o ser ao unir-se em uma coletividade, de certa forma, renuncia a sua individualidade e se agrupa à mentalidade do grupo, podendo, de forma inconsciente, colocar-se em segundo plano, ou anestesiar sua consciência,  passando a usar a consciência grupal. 

Poderíamos nos perguntar. Isso é bom ou ruim? 

Vai depender do resultado de nossas ações. Do bem ou do mal resultante, que afetará nossas vidas na forma de convivermos, em algum momento, com os frutos de nossas ações.

Por isso a importância do trabalho em desenvolver nossos valores dentro dos parâmetros do Evangelho de Jesus, para que este possa nos direcionar sempre para o melhor caminho, pois é fácil nos enganarmos nesta fase em que o amor verdadeiro ainda não rege nossa consciência.

Desenvolver nossa individualidade produzirá uma coletividade mais sadia e fraterna, realmente capaz de trabalhar dentro de uma política visando o bem geral e não direcionada a interesses próprios.

Jesus, nosso modelo, bem apresentou a prática da política divina, que é o bem em ação, o bem geral. O que é realmente bom é bom para todos.

Para chegarmos neste patamar do bem comum faz-se necessário olhar o outro, para suas necessidades, observarmos a nós mesmos, nossas limitações e potencialidades, trabalhando de forma disciplinada e serena em nossa educação moral, na mudança de nossos hábitos, formados a partir do egoísmo e inconsciência espiritual.

A política divina do amor se produz e edifica por meio de todos nós, cada individualidade, em nossa relação conosco e com nosso próximo, na boa administração dos nossos sentimentos e pensamentos, na prática do perdão e da caridade legítima, na distribuição dos recursos da educação e do amor que transforma, soergue e fortalece.

*Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.