Correio.news

View Original

Espiritismo acredita em santos?

Gostaria de saber se os espíritas também são devotos aos santos. - Clarice Dias Almeida, Niterói, RJ

Não. Para o espiritismo, os santos, que muitas vezes assim são chamados por terem manifestado algum fenômeno, são espíritos que apresentavam alguma forma de mediunidade (fenômenos mediúnicos) ou de capacidade de sua própria alma (fenômenos anímicos).

Esses fenômenos não são sobrenaturais. Eles fazem parte da Natureza e, quando ainda nos surpreendem, é pela falta do nosso conhecimento de todas as leis naturais, incluindo as que se referem ao espírito.

Para os espíritas, os santos devem ser respeitados da mesma forma que todas as outras criaturas. Mas não são idolatrados, porque para o espiritismo não há milagres. Tudo faz parte de uma lei divina que é eterna, imutável. 

Muitos desses venerados personagens realmente tiveram vidas exemplares, voltadas à caridade, à fraternidade, ao bem da Humanidade, o que muitos outros também podem realizar até mesmo sem terem qualquer religião.

No espiritismo, não há altares, imagens, festas ou cultos. Seu aspecto religioso é filosófico e não dogmático, pois a fé para os espíritas deve ser uma fé raciocinada. Como sua base principal é a reencarnação, considera-se que cada espírito está no seu lugar na sua caminhada evolutiva e que todos desenvolverão um dia a perfeição ainda que relativa. Afinal, só Deus é perfeito e causa de tudo o que existe. E, assim, os santos também estão em contínuo progresso.

Um bom exemplo é Santo Agostinho (354-430), o bispo de Hipona, considerado um dos maiores filósofos e teólogos do cristianismo. Ele foi uma autoridade no desenvolvimento do pensamento medieval e, depois, no século 19, participou como espírito da codificação do espiritismo, trazendo vários ensinamentos cristãos, demonstrando o progresso de suas ideias.

A doutrina espírita ensina que todos nós temos diversas experiências que se consolidam com nosso esforço para o bem durante toda a vida do espírito imortal que somos. Estamos em uma vida contínua, porém com diversas existências, com várias tarefas, outros nomes, países, ocupações etc.

Baseado no raciocínio lógico, o espiritismo explica que a dor, o sofrimento, ainda se faz necessário no estado evolutivo em que nos encontramos, o que não impossibilita que os espíritos mais adiantados nos auxiliem, encorajando-nos a enfrentar com resignação e esforço as várias contendas da vida, cientes de que não podem derrogar as leis divinas. 

Para o espiritismo, o espírito mais adiantado que esteve na Terra entre nós foi Jesus, e seu evangelho traz as regras de comportamento e moral para atingirmos o progresso.