[Livro] A feira dos casamentos
No final do século 19, pouco antes da Revolução que implantou o regime comunista e fez da Rússia a União Soviética, uma alta roda de príncipes, condes e barões forma uma sociedade corrupta e representada por imenso falso decoro.
É neste ambiente que A feira dos casamentos conta a fascinante história de transformação de seus personagens, levados pelos desafios da vida, onde se revelam o quadro desolador das decadências morais e os esforços de uma superação maior, que convida à lealdade, ao bom senso e à incorruptibilidade.
Enquanto o ambicioso e falso médium Pfauenberg se destaca na sociedade, o belo príncipe Ugarine ocupa o lugar de um dos vilões na história. Tâmara, a heroína do romance, é mulher de virtudes, e faz o contraponto, mostrando-se sozinha em busca de valores positivos, juntamente com seu marido, Magnus.
Muitos outros personagens se entrelaçam nesse empolgante enredo entre o Bem e o Mal, em cujo cenário cheio de surpresas J. W. Rochester dá seu recado com sua magistral arte de envolver, até o surpreendente final da história.
Um convite ao leitor para mergulhar em um mundo de sentimentos, distantes pelos lugares e tempos descritos, mas muito próximos da realidade de todos nós.
Características
Médium: Vera Kryzhanovskaia
Espírito: JWRochester
Editora: Correio Fraterno
Tradução: Herminio C.Miranda
Tamanho: 16X23 cm
Páginas: 448
ISBN-13: 978-85-5455-006-6
AVALIAÇÃO
De acordo com a definição, dote é um costume antigo que consiste no estabelecimento de uma quantia em bens e dinheiro oferecida a um noivo pela família da noiva para acertar o casamento entre os dois. Existem culturas onde o noivo entrega um dote à família da noiva ou à própria noiva.
Quanto maior o dote mais chances uma mulher teria de se casar. Em contrapartida, a que não possuísse dote não era escolhida por nenhum pretendente, correndo o 'risco' de ficar solteira.
Esses atrativos de enriquecimento eram cobiçados pela maioria dos noivos, salvo raríssimas exceções de casamentos sem interesses financeiros que eram frutos do verdadeiro amor.
Em algumas regiões da Ásia e da África, ainda hoje, se pagam dotes pelo casamento.
O curioso é que o cônjuge que recebe o dote terá de devolvê-lo, caso ocorra o fim do enlace, sendo esse um dos motivos que impede muitas separações de casais, mesmo que o lar esteja desfeito. Continuam a viver juntos por não tem como devolver o dote recebido.
Nesse ambiente suntuoso de luxo, riqueza, de famílias tradicionais, milionárias, de condes, barões, príncipes e princesas, o autor J.W. Rochester (espírito) constrói um fascinante enredo e o descreve no livro A feira dos casamentos, com psicografia de Vera Kryzhanovskaia e tradução de Herminio C. Miranda, publicação da Editora Correio Fraterno.
A história se passa na Rússia Imperial e tem como pano de fundo a elite social que transita pelo enredo com todas as suas vaidades, cinismo, egoísmo, falsidade e vícios, retratando a miséria moral, onde o dinheiro e o enriquecimento à custa de dotes milionários dominam a personalidade da maioria dos personagens.
O amor, sentimento maior na união dos casais, não existe para os noivos interessados num casamento que lhes renda ótimos ganhos e uma fortuna incalculável. Nessa perspectiva, não importa quem seja a noiva, o que importa são os milhões que ela trará de dote. Assim como para a noiva não importa o caráter do seu pretendente. O que interessa é se ele carrega um título de nobreza do qual ela irá desfrutar.
Nesse romance, altamente elaborado, conheceremos personagens que se manifestarão totalmente contrários a essas ideias imorais e se mostrarão dignos, corretos e com a verdadeira expressão do amor puro, sincero, complacente, abundante em generosidade e auxílio ao próximo.
Uma narrativa empolgante, difícil de interromper a leitura, tal a criatividade com que o autor conduz o desenrolar da história.
Ótima leitura!
Sônia Kasse
Artigo original publicado no Jornal Correio Fraterno