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Colheita

Por Raymundo Rodrigues Espelho 

O livro A rosa imortal ditado pelo espírito Um Jardineiro à saudosa médium Dolores Bacelar, que muito contribuiu com seus livros para a difusão da doutrina, em sua página 14 da terceira edição nos traz flores como esta:

— Sabes o que é plantar, homem que cultiva?

— Sim... É confiar a semente à Terra.

— E colheita?

— É o resultado da sementeira.

— Que plantaste em tua seara? Rosas? Jasmins? Violetas?

— Não sou jardineiro.

— E fruteiras?

— Não dão lucros, as aves e os ladrões roubam-nos os frutos.

— Que plantastes, então?

— Cicuta.

— Que colheste?

— Veneno.

Veja outras citações do mesmo livro:

MUITO DIFÍCIL

— Qual a melhor maneira de ensinar Caridade?

— Exemplificá-la.

CONTABILIDADE

— Quais os postulados do Espírito?

— Três: Caridade, Amor e Verdade.

— Quantas são as finalidades da Alma, neste mundo?

— Quatro: querer a Deus, servir ao próximo, aprofundar-se no Saber, implantar a Paz.

VERDADE

— Pode-se encobrir a Verdade?

— Encobre-se, mas, como o sol, ela sempre aparece. E como fulgura, então!

GRANDEZA

— Qual o maior homem da Terra?

— É aquele que se fizer pequenino diante de Deus.

O "MOUEDDIN'

— Deus é grande! – dizes tu, cinco vezes no Dia, ó "moueddin", fitando o céu do alto do teu minarete. E de tanto o repetires, este teu brado não tem mais sentido. E nós o que somos, ó "moueddin"?

— Menos que os vermes, se não temos ainda o SENTIDO da Grandeza de Deus.

HUMILDADE

— Então?

— A Rosa, com desdém, desprezava a Violeta, por ser aquela trigueira e pequenina.

— E daí?

— Disse-lhe o Girassol: Se és bela, feres com teus espinhos quem de ti se aproxima, enquanto a Violeta é só perfume e doçura.

NÃO BASTA DAR

— Eu sei, não negues. Deste esmola e silenciaste... Fizeste um Bem, és um justo.

— Eu não disse a ninguém. Como o soubeste?!

— Quem fala pelo justo não é ele e sim suas boas ações...

— Eu dei muito mais que este a quem chamas de justo. Sou muito bom. Se ele é justo, e só fez um Bem, que serei eu que tanto beneficiei?

— És um vaidoso.

INSATISFAÇÃO

— Continua, Jardineiro, a tua história...

— Está no final. Assim, a nuvem desejava ser o orvalho para beijar as pétalas das flores, na terra; e o orvalho sonhava ser a nuvem para estar pertinho do céu.

EGOÍSMO

— Oras apenas por ti?

— Sim, unicamente.

— És atendido?

— Não.

— Falta-te algo?

— Tudo.

ALTRUÍSMO

— E tu, por quem oras?

— Pelo próximo.

— Que te falta?

— Nada.

ORGULHO

— Enoja-me a plebe, a promiscuidade daqueles que vêm estigmatizados na Vida, trazendo a noite na pele, a ignorância na Alma e trapos como vestes...

— Oh! Não te orgulhes do Presente... Sabes, por acaso, o que foste no Passado e o que serás no Futuro?

QUEDA

— Que mais te entristece, Jardineiro: ver um réptil arrastando-se na lama ou um lírio caído sobre o pó?

— Entristece-me muito mais ver um lírio arrastado pelo pó, colhido pelo vento das Paixões.

Livro: A rosa imortal, pelo espírito Um Jardineiro, médium Dolores Bacelar. Ed. Correio Fraterno.