Força e fé no que virá
Por Eliana Haddad
Mais um ano se vai e junto com ele tantas experiências, de amor e de dor, em nossas vidas. Embora possa parecer que tenha sido ele um tempo perdido, por conta de tanta incerteza que nos assombrou em função da pandemia da Covid-19, muitas conquistas devem ser celebradas. Estamos vivos e, em meio a esse turbilhão, muitas vezes não percebemos o quanto fizemos. Quando nos demos conta, chegou dezembro.
De uma forma ou de outra, como o mundo todo foi realmente sacudido nos últimos dois anos, fomos treinados na resiliência e na superação, como se tivéssemos sido obrigados a dar uma pausa para olhar para dentro, avaliar e começar de novo.
Isso gerou muita ansiedade e outros inúmeros desconfortos emocionais, que se refletiram na nossa saúde física, no nosso sono, no convívio familiar tão restrito e tão cheio de descobertas.
Nenhuma mudança é tranquila e este não foi mesmo um ano fácil em todos os sentidos, não cabendo aqui relembrar tantas aflições. Aliás, muitas delas ainda tão presentes, trazendo tropeços sociais, econômicos e políticos, marcando com certeza essa nossa etapa reencarnatória na Terra. Tivemos que suportar perdas, aprender várias coisas rapidamente e a nos adaptar dentro das nossas possibilidades à nova forma de tocar os nossos dias. Nossa saúde mental pediu socorro.
O lado espiritual
Toda essa situação acaba por aglutinar pensamentos e sentimentos negativos, que, dependendo da nossa sintonia, influenciam até mesmo o ar que respiramos, com tantos fluidos densos de tristeza e desesperança. Como espíritas, estamos sendo chamados a dar o testemunho do nosso conhecimento, fazendo valer na pele o aprendizado da fé raciocinada, nosso cajado inseparável que tanto nos auxilia nos momentos de dificuldades, mas que também, nos consola e nos refrigera a alma com momentos de alegria e gratidão em meio aos infortúnios. Tudo realmente passa.
Cada vez mais, o isolamento social e as mudanças no trabalho, na escola e nas rotinas familiares nos convidam a prestar atenção em quem somos, como estamos e o que nos cerca. Diante de tantos questionamentos e pressão emocional, estivemos expostos a situações embaraçosas, que nos levaram a desequilíbrios.
Não nos esqueçamos de que a própria condição de existirmos, estejamos encarnados ou não, sempre será desafiadora com suas várias circunstâncias sempre a nos conclamar a mudanças. É da lei divina que tudo progrida e, muitas vezes, como espíritos em evolução que estamos, somos submetidos a algum teste mais trabalhoso para avaliar o que já julgamos ter aprendido. Invigilantes e ingênuos que somos, assustamo-nos com algumas pedras no caminho, percebendo que ainda nos falta colocar muita teoria em prática.
A sintonia no Bem
Com as tarefas das casas espíritas suspensas, arrumamos neste ano milhões de coisas novas para fazer e aprender em casa, substituindo até mesmo o tempo que dedicávamos às atividades espirituais por outros compromissos. Devemos nos perguntar, agora, como está o cuidado com a nossa espiritualidade, se não perdemos a boa sintonia que já havíamos estabelecido e que, por desleixo ou simples esquecimento, acabamos deixando de lado nesses tempos de pandemia.
Os espíritos superiores nos ensinam sobre a observação constante ao nosso autoconhecimento, à revisão diária das nossas ações e emoções, à atenção aos nossos pensamentos, a prece. Assim agindo, será mais fácil percebermos, por exemplo, o início de uma má influência espiritual e teremos tempo e condições de cortar a obsessão pela raiz, numa virada de chave que permita tanto a nós como a nossos companheiros espirituais a recomposição fluídica adequada, o esclarecimento, a busca da luz.
Já temos esse conhecimento, mas ainda temos muita dificuldade na prática de criar o hábito de pensar e fazer o bem, pois mudar atitudes muitas vezes milenares não acontece de forma rápida, exigindo disciplina e esforço contínuo. Qualquer espírita sabe que não precisa (e nem pode) ser perfeito, mas deve lembrar em primeiro lugar que não deve desanimar no esforço de sempre para suas conquistas morais para atingir seu melhor possível.
Os desequilíbrios
Por que então nos desequilibramos? A primeira resposta pode estar na falta de atenção. Aliás, qualquer espírita sabe muito bem que é preciso orar e vigiar. A segunda, está na falta de persistência em querer vencer as imperfeições.
Este ano chega ao seu final, cedendo espaço para 2022, que novamente exigirá que cuidemos do nosso equilíbrio, valendo fazer aquele balanço de todos os anos e o traçar de novos planos. O que fiz? O que deixei de fazer? O que posso fazer agora?
A pandemia paralisou o mundo físico, mas nós, espíritos imortais, não estamos parados. Estamos na caminhada, ainda que se tenha a impressão de um tempo perdido. Não. Quanto aprendizado nessa pausa — de resiliência, coragem e paciência, diante de um cenário tão estarrecedor! Vimos o quanto queremos ter saúde e que a vida é o nosso bem maior. Só não aprendeu quem não percebeu a chacoalhada a que a humanidade foi submetida. Aferição de valores? Talvez.
E é assim que chega também o novo Natal, o novo Ano Novo, mas desta vez realmente diferentes, com carência de muito acolhimento. Que se valorize, então, o simples, o ar que se respira, a consciência tranquila de uma boa noite de sono. O sol que aparece e se põe todos os dias nos anuncia que a vida é mesmo movimento e que os contrários não significam desarmonia, mas lições diferentes que se complementam; que noite e dia, dor e alegria, fé e desespero, esperança e desânimo fazem parte dessa nossa providencial jornada. A vida é um presente e só por ela já devemos ser gratos todos os instantes pelas valorosas oportunidades de crescimento que ela nos oferece.
Precisamos nos cuidar com responsabilidade e compromisso. E para não cairmos no esquecimento, seguem algumas dicas preciosas.
Todos nós, os espíritos em evolução na Terra, temos a nossa quota de obsessão, em maior ou menor grau. E todos estamos trabalhando pela própria libertação. À vista disso, de quando em quando, é preciso façamos um teste de nosso processo desobsessivo, a fim de que cada um de nós observe, em particular, como vai indo o seu.
Verifique você:
- se já consegue dispensar aos outros o tratamento que desejaria receber;
- se adia a execução das próprias tarefas;
- se reconhece que toda criatura humana é imperfeita quanto nós mesmos;
- se guarda fidelidade aos compromissos assumidos;
- se cultiva a pontualidade;
- se evita contrair débitos;
- se orienta a conversação sem perguntas desnecessárias;
- se acolhe construtivamente as críticas de que se faz objeto;
- se fala auxiliando ou agredindo a quem ouve;
- se conserva ressentimentos;
- se sabe atrair amigos e alimentar afeições;
- se mantém o autocontrole, na vida emotiva, como base da sua dieta mental.
Do livro Paz e renovação. André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier. FEB.
Influenciações espirituais
Sempre que você experimente um estado de espírito tendente ao derrotismo, perdurado há várias horas, sem causa orgânica ou moral de destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil. São sempre acompanhamentos discretos e eventuais por parte do desencarnado e imperceptíveis ao encarnado pela finura do processo.
Dentre os fatores que mais revelam essa condição da alma, incluem-se:
- Dificuldade de concentrar ideias em motivos otimistas;
- Ausência de ambiente íntimo para elevar sentimentos em oração ou concentrar-se em leitura edificante;
- Indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente e pressentimentos de desastres imediatos;
- Aborrecimentos imanifestos por não encontrar semelhantes ou assuntos sobre quem ou o que descarregá-los;
- Pessimismos sub-reptícios, irritações surdas, queixas, exageros de sensibilidade e aptidão a condenar quem não tem culpa;
- Interpretação forçada de fatos e atitudes suas ou dos outros, que você sabe não corresponder à realidade;
- Hiperemotividade ou depressão raiando na iminência de pranto;
- Ânsia de investir-se no papel de vítima ou de tomar uma posição absurda de automartírio;
- Teimosia em não aceitar que haja influenciação espiritual para consigo, mas passados minutos ou horas do acontecimento, vêm-lhe a mudança de impulsos, o arrependimento, a recomposição do tom mental e, não raro, a constatação de que é tarde para desfazer o erro consumado.
Do livro Estude e viva, Emmanuel e André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier. FEB.
Bastidores da evolução
Muita gente pergunta para onde vai o mundo com tantos conflitos e desequilíbrios. Mas acaso existem modificações profundas sem abalos profundos? Os que se desesperam ante os problemas da atualidade não alcançam o sentido real dos acontecimentos.
O espiritismo nos oferece a chave do enigma. Tudo se transforma ao nosso redor, porque um novo mundo está nascendo. Não há motivos para decepção. Basta ver que ao lado das aflições florescem grandes esperanças. A Terra amadureceu em seu processo evolutivo, e as leis de Deus se cumprem à revelia da incompreensão humana.
Do livro Diálogo dos vivos, Francisco C. Xavier J. Herculano Pires e Espíritos diversos. GEEM.