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Carnaval, a festa pagã que era só alegria!

Por Wellington Balbo *

Um dos maiores pecados do mundo é diminuir a alegria dos outros. Chico Xavier - Emmanuel

Os historiadores não sabem precisar quando iniciaram as festas carnavalescas. Estudiosos do assunto falam que foi aproximadamente no IV milênio a.C., quando no Egito foram criados os cultos agrários. Nessa época, dançava-se com máscaras e adereços em torno de fogueiras.

Tempos depois, surge o carnaval pagão, que se inicia no século VII a.C., na Grécia. No reinado de Pisistrato foi oficializado o culto a Dionísio, onde camponeses e lavradores participavam das procissões levando a imagem do deus em embarcações com rodas, os chamados carrum navalis. Nessa época a sociedade já estava dividida: escravos para um lado, nobreza para outro. A pesada hierarquia mostrava a faceta discriminatória do ser humano e bebidas, orgias e permissividade ganhavam espaço naquele primitivo carnaval.

Alguns séculos depois, a igreja católica, cansada de ver suas intenções de proibir os cultos pagãos fracassarem, resolve oficializar o carnaval, em 590 d.C.

As células desse carnaval estão nas cidades de Veneza e Nice, na Itália. Lá a festa popular ganha aspectos do carnaval da atualidade: carros alegóricos, mascarados e fantasias começam a fazer parte do já tradicional desfile.

Mesmo a igreja oficializando o carnaval, muitos cristãos o combateram, tentando frear o caráter libertino daquela manifestação, inclusive o papa Inocêncio II (1130 – 1140). A igreja e o Estado feudal tentaram incorporar alguma solenidade nos desfiles, todavia, a tentativa foi frustrada, com o povo  pouco se importando com as proibições de caráter moral.

Atualmente, o carnaval, principalmente no Brasil, ganhou status de grande indústria, sendo um dos maiores divulgadores de nossa cultura e promovendo o Brasil ao patamar de “O País do carnaval”.

É verdade, o carnaval é uma indústria que propicia milhares de empregos diretos e indiretos, movimenta nossa economia, incrementa o turismo. Mas daí a acreditar que para se viver no Brasil, nesta terra repleta de riquezas, habilidades, costumes, é preciso se ficar refém de festejos carnavalescos vai uma grande distância.

Melhor do que ser o país do carnaval, o Brasil pode ser o país da honestidade, da cultura, da saúde, da tecnologia, da educação. Depende de nós.

Além disso, o Brasil é o país onde há a maior e mais avançada rede de captação de leite humano. É exemplo no combate à AIDS. O único país do hemisfério sul a participar do projeto genoma. Com dimensões continentais, consegue tempo recorde em apuração de e eleições. Por essas e muitas outras razões, ele é muito mais do que um país do carnaval e do futebol.

Ser brasileiro é ser bem mais do que iludidos por poucos dias de festas, como a indústria cultural teima impor: é ter a alegria comedida, é possuir sentimentos acima dos prazeres, é gozar de liberdade junto com responsabilidade. É saber, em tempo ou não de carnaval, que somos aquilo que pensamos e o que atraímos para nós. Boas companhias, ou não, conseqüências positivas ou não, a depender de nossas ações e do futuro que reservamos para nós.

*O autor participa no movimento espírita em Bauru-SP – C.E. Joana d’Arc. Estuda e trabalha no ramo de Administração de Empresas.

(Texto retirado da edição 413 - Jan/ Fev 2007 do jornal Correio Fraterno)