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Uma visão de Paulo I

O Czar Paulo I, que era então apenas o grão-duque Paulo, estava em Bruxelas, na Bélgica, ao lado de alguns amigos. Falavam de fenômenos sobrenaturais e Paulo contou que uma noite estava hospedado num hotel em São Petersburgo, Rússia, e resolvera passear pelas ruas, em companhia do príncipe Kourakin e dois criados.

Ao dobrar uma rua, na abertura de uma porta, percebeu um homem grande e magro, envolto num manto, com um chapéu militar enterrado sobre os olhos. Depois que eles passaram, colocou-se à esquerda de Paulo e seguiu com eles, sem dizer uma palavra. Era impossível distinguir seus traços. Paulo notou que o lado esquerdo do seu corpo se esfriava pouco a pouco e, virando-se para Kourakin, disse-lhe:

"Como se o tivesse tocado, o seu chapéu ergueu-se sozinho e seu rosto ficou descoberto."

– Eis um singular companheiro que temos!

– Que companheiro? – perguntou, espantado, o príncipe.

– Este que marcha à minha esquerda e que faz muito ruído, ao que me parece.

Kourakin olhou atentamente, mas não viu o tal companheiro. Continuaram a marcha e ao se aproximarem da Grande Praça a estranha figura foi até um ponto dessa praça e parou. Paulo seguiu-o, maquinalmente. O homem grande e magro lhe disse:

– Paulo, adeus. Tu me verás ainda aqui e em outros lugares.

Depois, como se Paulo o tivesse tocado, o seu chapéu ergueu-se sozinho e seu rosto ficou a descoberto. Paulo então o reconheceu. Era o seu avô Pedro, o Grande, que desapareceu sob o seu olhar de grande espanto.

Aquele lugar da praça estava reservado para receber um monumento célebre e que representa o czar Pedro, a cavalo, que a imperatriz mandara erigir.

Fonte: Revista Espírita, abril de 1866. FEB. Publicado no jornal Correio Fraterno em agosto de 1997.