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O médium que flutuava no espaço

Por Izabel Vitusso

Nascido na Escócia em 1833 e criado por uma tia nos Estados Unidos, Daniel Dunglas Home foi um médium notável de efeitos físicos. À medida que as manifestações espontaneamente aconteciam por seu intermédio, mais os comentários agitavam-se em torno de seu nome. Havia os que acreditavam tratar-se de uma farsa, os que sentiam descortinar-se uma nova realidade ainda pouco conhecida, e os que se punham a falar de forma entusiasmada e exagerada sobre os fenômenos, do que se aproveitavam os mal-intencionados para difamá-lo.

A mediunidade esteve presente na vida de Home desde criança. Tinha apenas 13 anos de idade quando fez um pacto com seu amigo Edwin: Aquele que desencarnasse primeiro se apresentaria depois da morte ao outro. Passado um mês do combinado, Home teve uma visão de Edwin que, cumprindo a promessa, foi se despedir ao desencarnar. Dias depois, a confirmação de morte chegou deixando o médium muito impressionado. 

Em 1850, aos 17 anos, fato semelhante ocorreu. Dessa vez o aviso foi da desencarnação de sua mãe. Ela mesma vinha lhe dar o recado, dizendo ter o fato ocorrido às 12 horas daquele mesmo dia. Atordoado, Home foi socorrido pela tia, que o encontrou empalidecido, diante do impacto da revelação, o que dias depois veio a ser confirmada por um mensageiro.

São imensos os números de casos registrados em torno do médium Daniel Douglas Home, que acabou viajando por diversos países. Entre eles, há o ocorrido em Londres, na mansão do Lord Lindsay, onde o anfitrião, junto a outros três pesquisadores: Lord Adare, capitão Charles Wynne e capitão Gerald Smith, assistiram a diversos fenômenos de efeitos físicos. O mais impactante foi um autêntico caso de levitação que impressionou fortemente os pesquisadores. A janela da sala onde estavam permanecia fechada, mas através dela viram Home, que flutuava no espaço do lado de fora. O chão ficava três andares abaixo. Enquanto todos se conservavam sentados, Home abriu a janela e entrou no aposento, atravessando-o ainda em transe e tomando sua posição anterior na cadeira.

Daniel Home foi assunto na Revista Espírita levado por Allan Kardec por algumas edições, entre os anos 1858 a 1863, onde o codificador coloca luz nos fatos que assombravam até então os que desconheciam os mecanismos das leis naturais, e rebatia as críticas lançadas contra o médium. Sobre a conduta de Home, Kardec descreve a moral do médium, dizendo tratar-se de pessoa dotada de excessiva modéstia. “Jamais fez praça de sua maravilhosa faculdade, jamais fala de si mesmo e se, numa expansão de intimidade, conta casos pessoais, fá-lo com simplicidade e jamais com ênfase própria das criaturas com as quais a malevolência procura compará-lo.” Sobre sua missão, Kardec explica que: “foi uma missão que aceitou; missão não isenta de tribulação nem de perigos, mas que realiza com resignação e perseverança, sob a égide do espírito de sua mãe, seu verdadeiro anjo da guarda.”

Usando o bom senso, o codificador ainda pondera:

“Sendo nosso fim o estudo sério de tudo quanto se liga à ciência espírita, fechar-nos-emos na estrita realidade dos fatos por nós mesmos constatados ou por testemunhas oculares mais dignas de fé. Podemos, assim, comentá-los com a certeza de não estar raciocinando sobre coisas fantásticas”. 

 “A causa das manifestações do sr. Home lhe é inata; sua alma, que parece prender-se ao corpo somente por fracos liames, tem mais afinidade com o mundo dos espíritos que com o mundo corpóreo; eis por que se desprende sem esforços, entrando mais facilmente que os outros em comunicação com os seres invisíveis”, conclui Kardec. 

Bibliografia

Revista Espírita, ano 1858, Allan Kardec. FEB.