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Mozart: a melodia da inspiração

A presença espiritual em suas criações

Longe de seu público, o enterro do músico austríaco Wolfgang Amadeus Mozart nada teve do “glamour” que suas composições alcançam pelo mundo todo. Assistido apenas por seu cachorro vira-lata, o  compositor e instrumentista partia para Júpiter, um plano mais melodioso, segundo ele mesmo afirma em questões respondidas, publicadas na Revista Espírita1,  após sua morte, aos 35 anos.

Por coincidência, para os que gostam do acaso, ou não, uma das composições mais famosas de Mozart, a Sinfonia n.º 40, é também conhecida como Júpiter e considerada auge da música do século XVIII.

O garoto que aos 4 anos de idade tocava, de cor, composições ao cravo, e aos 5 já compunha um minueto, tinha seu talento disputado pelos nobres europeus da época. A criança prodígio –  prova da evolução da alma nos processos de reencarnação – uma vez que a inteligência é patrimônio do espírito – encantava especialmente por sua capacidade de improvisação, criando, inspirado por sua fantasia.   

Tal inspiração, sabe-se, é a sensibilidade que lhe possibilitava o intercâmbio mais intenso entre os Dois Mundos – material e espiritual, lei natural da sintonia mental.

Em resposta a Kardec a respeito deste intercâmbio, os Espíritos da Verdade explicam que frequentemente, as ideias “são sugeridas por outros Espíritos que os julgam capazes de as compreender e dignos de as transmitir. Quando eles não as encontram em si apelam à inspiração; é uma evocação que fazem sem suspeitarem.”2 

Na obra Vida de Mozart  existe a transcrição de uma carta do músico austríaco, filho de artesãos, na qual ele próprio esclarece a questão de sua inspiração.
“Dizes que desejarias saber qual o meu modo de compor e que método sigo. Não te posso verdadeiramente dizer a esse respeito senão o que se segue, porque eu mesmo nada sei e não me posso explicar.
Quando estou em boas disposições e inteiramente só, durante o meu passeio, os pensamentos musicais me vêm com abundância. Ignoro donde procedem esses pensamentos e como me chegam; nisso não tem a minha vontade a menor intervenção.”
Tanto talento e sintonia mental se converteram em uma vasta e variada produção artística, composta por 49 sinfonias, 23 óperas, 20 missas, 45 sonatas para piano e violino, 27 concertos para piano, 29 quartetos de cordas, 17 sonatas para piano, 66 árias e outras produções musicais.

Do “além-Terra”, ainda possibilitou comunicação respondendo à entrevista, evocado por Allan Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e, também,  ditando um fragmento de sonata ao médium Bryon Dorgeval.

O intelectual, que nos presenteou com sublimidades melódicas, nasceu em 27 de janeiro de 1756, e há 217 anos,  segundo ele mesmo informa nas respostas recebidas por um médium e enviadas a Kardec, partiu para o planeta “onde há melodia em toda parte: no murmúrio das águas, no ciciar das folhas, no canto do vento: as flores rumorejam e cantam; tudo produz sons melodiosos.” “Aqui em Júpiter não temos instrumentos. São as plantas e os pássaros os coristas. Os pensamentos compõem e os ouvidos gozam sem audição material.”


1- Allan Kardec, edição de maio de 1858.

2- Allan Kardec, O livro dos espíritos, IDE, questão 462.

Mariana Sartor

Por que a música nos sensibiliza
Quem nunca ouviu dizer que “quem canta seus males espanta”? E quem nunca sentiu o coração acelerar com uma música especial?
O ritmo, a intensidade, o intervalo entre notas nos sincroniza com determinados instrumentos e músicas, influenciando batidas cardíacas e emoções.
A música é uma onda que vibra em determinada frequência e faz vibrar não só o ar, mas tudo ao seu alcance. Tudo e todos possuem uma frequência de vibração de acordo com densidade, composição, volume, forma e está em constante vibração, podendo entrar em ressonância com outros seres e objetos.
Antiga ferramenta transcendental, a música está muito ligada, ao longo da história, às religiões e às manifestações de busca pelo divino. Os egípcios, por exemplo, dominava o uso da ressonância como forma de acelerar moléculas e atingir outros níveis de consciência. Assim como a música, a espiritualidade também pode agir por vibrações.

(Artigo original publicado no Jornal Correio Fraterno, edição 420, mar./abr. de 2008)