A resposta de Rui Barbosa sobre a constituição
Por Eliana Haddad
Em 1933, desejando de alguma forma contribuir para a solução do problema constitucional, o dedicado colaborador da Federação Espírita Brasileira, Frederico Figner (Irmão Jacó), pediu ao médium Francisco Cândido Xavier que procurasse obter do espírito Rui Barbosa (1849 – 1923) a sua valiosa opinião sobre o momento político-social do Brasil, pois, certamente, patriota que era, deveria estar atento à política nacional.
Naquela época, Chico Xavier respondia a entrevistas e divulgava algumas mensagens transmitidas pelos espíritos, que aceitavam responder grande parte das perguntas através do médium. Isso não demorou muito, porque logo Chico seria orientado por seus mentores espirituais a evitar tais abordagens, para não prejudicar a essência da sua tarefa, que era de trazer à lume obras complementares à codificação espírita.
E foi pela psicografia de Chico que Rui Barbosa, que redigiu a constituição anterior, em 1891, revelou-se mesmo preocupado, alertando para que não se perdessem na nova constituição as conquistas de liberdade, cidadania e de justiça da anterior.
A mensagem acabou virando o opúsculo Rui e a nova Constituição (FEB), que circulou somente nos anos de 1933 e 1934.
Em um dos trechos, revelou Rui Barbosa: “É inegável que o Brasil atravessa um dos períodos mais críticos de sua vida como nacionalidade. País novo, não se achava indene de contagiar-se do sopro das reformas que agita as coletividades do Velho Mundo...
O erro da política brasileira, porém, está em não reconhecer a profunda diversidade dos métodos psicológicos a serem aplicados ao nosso povo e aos do mundo europeu...
Que Deus inspire aos novos constituintes as noções de seus austeros deveres, a fim de que não sufoquem arbitrariamente as prerrogativas naturais do direito, que jamais se posterga impunemente...
A adaptação, aqui, dos processos políticos praticados largamente na Europa moderna seriam de eficácia irrisória. No Brasil, os problemas são outros”– comentou.
Fonte: "Chico Xavier inédito", de Eduardo Carvalho Monteiro. Ed. Madras.
(Artigo publicado no Jornal Correio Fraterno edição 444, mar./abr de 2012)