Um recado pelo sonho
Por Alvaro Basile Portuguese
Tive o meu primeiro contato espiritual com a Rita cinco meses após a sua partida. Mulher determinada, cuidou da minha aposentadoria, mesmo estando debilitada pela grave enfermidade. Estávamos de mudança para o sobrado ao lado e os papéis da aposentadoria se perderam.
Rita desencarnou em julho de 2004 e em dezembro do mesmo ano viajamos para Brasília, eu, Elaine, minha filha, e a neta Suelen.
Fomos para a residência de velhos amigos, onde conversamos, saudosos, acerca dos fatos sobre a nossa querida companheira.
Ao me deitar, fiz uma prece de gratidão dirigida à mãe dos meus filhos.
Creio que deveria ser por volta das três horas da madrugada, quando alguém se aproximou do meu leito e indagou se eu estava com saudades da Rita. Sentindo as lágrimas a descer pelas faces, respondi que a falta dela chegava a doer em minha alma.
A estranha criatura estendeu uma espécie de telefone muito leve, porém com características de madrepérola, e disse para o meu espanto:
— Tome o aparelho e converse. Ela te espera.
— Olá, velho, como está? – a sua voz ecoava como se estivesse fazendo uma travessia em meio a um cânion.
Depois que eu respondi com a voz embargada que eu estava saudoso, ela perguntou sobre os nossos filhos e, ao final, informou que os documentos perdidos encontravam-se atrás da antiga mala de viagens, no interior da pequena pasta verde.
Ficamos alguns dias na capital e retornamos a São Paulo. Assim que chegamos, minha filha lembrou-me da necessidade de localizar os benditos documentos. Lembrei-me do contato e subi as escadas, abri o guarda-roupas, puxei a grande mala, retirei a pequena pasta verde, abri o zíper e lá estavam os papéis da minha aposentadoria.
Fonte: Aconteceu no meu caminho, Alvaro Basile Portuguese, Clareon.