Prenda-me, se for capaz
Por Ramiro Gama
Bezerra de Menezes, quando encarnado, exercia a função de doutrinador em sessões realizadas no Grupo Espírita Ismael, com especial habilidade para sair-se bem de situações embaraçosas que espíritos travessos e gozadores costumavam lhe preparar, com o intuito de testar-lhe a fé e a paciência.
Certa feita, depois de dialogar um certo tempo, em vão, com um espírito insensível, ele advertiu-o, firme, embora sereno:
— Você precisa é de prisão e não de conselhos.
E, virando-se para os companheiros concentrados à volta da mesa, enfatizou:
— Chamem a polícia...
O blefe deu resultado. O espírito, assustado, desincorporou-se, às pressas, e se foi.
Mas, em seguida, um outro, pelo mesmo médium, destemido, desafiou-o:
— Chame, então, para mim a polícia e prenda-me... Vamos...
Bezerra, com a mesma firmeza e tranquilidade, respondeu:
— Aquele, que o antecedeu, precisava de prisão, de um corretivo policial, mas você, meu filho, precisa de prece.
Oraram, então, pelo desafiante, que arrependido, chorou... E na despedida, disse:
— Deus lhe pague, irmão! Ganhei algo de que precisava: prece e amor!
Bibliografia: Ramiro Gama, Lindos casos de Bezerra de Menezes, Lake, 1995.