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Os espíritos prenderam minha atenção

Por Ducila Bello de Campos, de Curitiba,PR.

Sou assinante de Correio Fraterno há muitos anos. Tenho 87 anos e resido em Curitiba, PR, já há 25 anos. Em dezembro de 2007, fui com minha filha e meu genro passar o fim de ano na praia de Guaratuba, PR.

No domingo, 30 de dezembro, uma amiga me convidou para passear na praia. À certa altura, senti-me mal. Não estava gripada, mas comecei a tossir, fiquei zonza; minha amiga correu a um barzinho, à procura de água. Recuperei-me e viemos embora. Este fato creio ter relação com o que passo a contar.

Na terça-feira, 1º. de janeiro de 2008, voltamos a Curitiba, para casa. Minha filha me levou ao meu apartamento, entrou comigo e foi ao quarto onde dormia meu filho; e falou: "o Ralph está dormindo, solto na cama, deixe ele dormir". E foi embora. Eu fiquei sozinha e assim eu fiz. Ele sempre dormia muito. Ralph e Renata são meus filhos adotivos, ele já com 44 anos, Renata hoje com 25.

O tempo foi passando. Veio a noite, achava que não deveria acordá-lo... Sentei-me para ver televisão; estava anunciado um filme... “Dois Filhos de Francisco”. Resolvi acomodar-me melhor para assisti-lo. Vi-o todo. Já era noite e achei que Ralph já poderia ser acordado. Fui vê-lo, toquei-o... Achei muito frio o seu corpo, sacudi-o e nada. Calmamente procurei um vizinho, ele veio, tocou-o e disse:

– “Está morto!” Eu não me apavorei, pedi ao amigo vizinho que telefonasse para o irmão de Ralph (também adotado por mim). Faço um parêntese para informar: sou surda, não falo ao telefone, isso há mais de 40 anos, pois me formei, magistério, e aposentei muito cedo por surdez. Estava sozinha e o tal amigo vizinho me disse que havia acabado de chegar, também, da praia. Moro num prédio pequeno e soube que àquela altura dos acontecimentos, que o prédio estava vazio! Eu estava só! E sem a possibilidade de falar ao telefone. Fiquei horas sendo entretida pela espiritualidade, até poder encontrar alguém para nos socorrer.

“Meus amigos espirituais prenderam minha atenção, através do filme e outras ocupações, até que alguém chegasse ao prédio. Meu outro filho, sendo noticiado pelo meu vizinho, falou: “eu também cheguei agora da praia”.

Ah, Jesus. Como eu agradeço todo dia, aos meus amigos espirituais, que eu nem sei quem são, pela ajuda naquela tarde em que meu filho tão querido se foi... sozinho.

A esta altura, devo lembrar que aquele mal-estar, ocorrido comigo na praia, relaciona-se com o falecimento do meu filho, porque, segundo o laudo do IML, ele falecera de um AVC exatamente dois dias antes.

Passaram-se mais ou menos dois meses e eu sonhei com ele me perguntando:

– “Tem sentido falta de mim?"

Respondo: – “Tenho, mas o que posso fazer?”

E... acordo, repito o sonho muitas vezes para não esquecer. Preciso dizer que, apesar de surda, percebo o tom de voz das pessoas, o timbre, a entonação. E, como espírita, sei que durante o sono, nossos espíritos saem do corpo... relacionam-se.

Obrigada por esta oportunidade de relatar um caso com pessoa tão querida de meu coração. Desculpe se cometi erros, estou um tanto desatualizada e esta máquina é quase tão velha quanto eu.

(Publicado no Jornal Correio Fraterno 2009 / ed 428)